José
não era o tipo de homem preferido de Catarina, aliás estava longe
do estereótipo ideal dela. Sempre preferira homens com feições
mais duras, pelos faciais e olhos castanhos claros, com músculos
definidos, ou perto disso e altos, e José parecia o oposto disso
mesmo. Tinha 1 metro e 69 centímetros, um ar tanto ou nada infantil,
os músculos não estavam definidos mas para lá caminhavam com a
preparação física a que ele era submetido todos os dias devido à
sua profissão, tinha pelos faciais sim mas poucos, o que encaixa na
perfeição na descrição de homem ideal era os olhos castanhos
claros, mas, apesar de ser tão diferente do que ela idealizava, não
deixava de se sentir completamente atraída por ele, desde que
trocaram olhares pela primeira vez e quando ele aparecera em sua casa
a dizer aquela frase “Sinto-me
tremendamente atraído por ti desde que te vi (...)” e
ficou sem resposta possível, não o esperava minimamente mas também
não se deixara calar, queria cair nos braços dele e cometer uma
loucura... Sim, porque aquele envolvimento era uma loucura. Tinham-se
conhecido no dia anterior e não estavam apaixonados, aliás o único
sentimento era de amizade e atração e nunca se tinham envolvido
apenas pela atração, era a primeira vez que o faziam, mas havia
sempre uma primeira vez para tudo e talvez fosse um erro, mas já o
começaram e não podia simplesmente terminá-lo. Beijaram-se e o
ambiente entre eles aquecia cada vez mais. Ambos sabiam bem como tudo
ia acabar.
Catarina
encostou-se à parede e José aproximou-se dela com os olhos bem
fixados nela, beijou-a e começou a colocar as mãos debaixo da
camisola dela e Catarina ergueu os braços numa tentativa de
ajudá-lo, depois foi a vez dela de inverter a situação, despiu-lhe
a camisola e pode reparar no seu corpo, não era o que esperava,
aliás até ficou surpreendida com o que via. Olhou para o corpo dele
durante alguns segundos e voltou a tomar os lábios dele, e quão bem
sabia, ele separou os lábios e em tom de sussurro perguntou entre
beijos:
-Estas
seguro?
Catarina
não conseguia separar os lábios dos dele, pareciam viciantes e
simplesmente eram, prendeu as suas pernas no tronco dele e foram
juntos até à cama que apesar de estar próximo, apenas a uns
metros, pareciam a uma distância enorme e o tempo parecia doloroso
até lá chegarem. Os curtos calções que ela tinham vestido de
repente desapareceram com a agilidade dele, e depois foi a vez de
Catarina chegar as suas mãos aos botões das calças dele, José
sorriu e deixou-a tirar as calças embora ela fizesse vagarosamente
para o provocar e era notório o quanto ele estava doloroso para
fazê-la sua, quando as calças (até que enfim) caíram no chão,
ele agarrou nela e despiu ele próprio as poucas roupas que tinham no
corpo, apenas as cuecas e começou as suas investida e ele sabia bem
o que fazia, e ela deixava-se levar por ele. E toda a energia, toda a
entrega ficou ali bem vistosa, nenhum deles se preocupou com o facto
de terem algum outro tipo de romance ou com o que aquele envolvimento
iria afetar o futuro dos dois, queriam apenas desfrutar do momento...
E que bem que o fizeram! Depois adormeceram nos braços de cada um,
completamente despidos e embora ela tivesse vergonha de expor o seu
corpo não teve energias para se vestir.
En
la suite
(Na suite)
Dieciseis
(Dezasseis)
Lo
que empieza no termina
(O que começa não acaba)
En
muy mala compania (Em
má companhia)
Era
ese sabor en tu piel (Era
esse sabor da tua pele)
A
azufre revuelto con mie
(De enxofre misturado com mel)
Asi
que me llene de coraje
(Enchi-me
de coragem)
Y
me fui a caminar por el lado salvaje
(E
fui caminhar pelo lado selvagem)
Pense
"no me mires asi" (Pensei
“não me olhes assim”)
Ya
se lo que quieres de mi
(Já
sei o que queres de mim)
Que
no hay que ser vidente aquí
(E
nem preciso de ser vidente aqui)
Para
un mal como tu no hay cuerpo que aguante
(Para
um mal como tu, não há corpo que aguente)
-Si?
-
Perguntou Catarina acabada de acordar com o som do telemóvel,
pegando dele e atendendo ainda com os olhos fechados.
-Meu
amor, liguei-te porque sabia que ias estar a descansar e era para
acordares para não te atrasares para o jantar.
-Desculpa
avó, tinha adormecido mas já vou para o banho e vestir-me para ir
ter com vocês!
-Até
já guapa!
-Até
já mi amor! -
Dito isto desligaram a chamada e Catarina sentiu um beijo no seu
ombro, só poderia ser o doce despertar de José. -Era
a minha avó que me queria acordar para o jantar.
-Jantar?
Mas que horas são?
-Dezanove
e trinta. -
José levantou-se rapidamente e começou a procurar a sua roupa.
-A
minha mãe vai-me deserdar, vou chegar atrasado!
-Eu
a pensar que tinha companhia no banho...
-A
menina não queria chegar a horas ao jantar de família?
-Jantares
de família há muitos, banhos nesta companhia poucos.
-Tens
mesmo de conhecer a minha mãe, ela iria adorar ouvir isso!
-Nem
penses, detesto conhecer famílias! -
Disse incomodada. -Aposto
que se contares à tua mãe que o teu tempo foi muito bem
aproveitado, ela compreendia perfeitamente!
-Querida
mãe, em invés de ir juntamente contigo buscar a minha prima ao
aeroporto, fiquei na cama com uma amiga minha!
-Portuguesa!
-
Riu-se só de imaginar. -
Pagava-te para fazeres isso!
-Se
tu dissesses ao teu avô que tinhas ido para a cama comigo, não iria
ter lugar em equipa nenhuma, nem na Bielorrússia, nem na China, e
nem ao lado de pinguins!
-Mas
quem falou em apenas cama? A banheira não poderia ter melhor uso...
-
Sugeriu e deixou o seu corpo a descoberto e foi em direção à casa
de banho com o corpo à mostra, claramente provocando José.
-Com
que então a menina gostou e quer repetir... -
Seguiu-a até à casa de banho e fizeram novamente o que havia feito
há momentos mas na casa de banho, e não se preocuparam com
horários, apenas quando terminaram saíram rapidamente da banheira,
vestiram-se e tentaram despachar-se depressa.
-Depois
manda-me mensagem boneco.
-Vou
fazê-lo gata. -
Piscou-lhe o olho e cada um foi para o seu carro... Ele estava quase
uma hora atrasado para ir buscar a prima ao aeroporto e Catarina
estava atrasada meia-hora para o jantar em casa dos avós e nenhum
deles sabia bem que desculpa dar para o atraso, sabendo desde sempre
que não poderiam contar a verdade, cada um deles teria de arranjar
uma desculpa viável. José olhou para o telemóvel e já tinha dez
chamadas não atendidas da mãe e cinco da prima, decidiu ligar-lhes
e ir para casa da sua mãe... Mais facilmente as apanharia ali. E
Catarina arrancou a alta velocidade para casa dos avôs, sabia que
nenhum dos avós a iria repreender que queriam-na mimar demasiado
para conseguirem fazê-lo. Entrou para o interior da casa que também
considerava sua, embora agora tivesse realmente uma que fosse sua e
foi até ao seu quarto pousar as malas e pode deparar-se com a sua
prima Lola deitada sobre a cama a ler um livro.
-Buenas
noches! -
Cumprimentou-a com um beijo na testa. -Que
fazes aqui? Vieste jantar?
-Vinha,
mas houve alguém que se atrasou...
-Cheguei
atrasada, mas cheguei não é o que importa?
-O
que vale é que os avós perceberam que tinhas adormecido e não
levaram a mal, ou andaste a fazer outras coisas Catarina Inés?
-Acordei
quando a avó me ligou e fui tomar banho e aí voltei a adormecer.
-Aposto
que ficaste foi a falar com o Gayà e nem deste pelo tempo passar. -
Catarina engoliu em seco, será que prima desconfiava de algo? Era
impossível, não tinha dado nada a entender.
-Achas
que trocaria umas boas horinhas de sono na minha casa nova, para
falar com ele? O meu sono é sagrado!
-Cá
para mim dizes que nós vamos acabar juntos e ele ainda te salta mais
rapidamente para cima de ti que outra coisa!
-Vai
sonhando! -
Disse bem-disposta, tentando demonstrar tranquilidade quando estava
em pânico a pensar se ela iria descobrir. -Aposto
50€ em como daqui a um mês me vêm dar a notícia que estão
juntos!
-Apostado!
-
Deram um “passou-bem”. -
A tua mãe e a tua irmã ligaram.
-Esqueci-me
completamente de lhes dizer que tinha chegado e que estava tudo bem!
-
Colocou a mão na cabeça. -
Que lhe disseram?
-A
verdade. Mas que ligavas depois do jantar!
-E
ligo, senão bem que posso ficar aqui que a minha mãe deserda-me. E
os avós onde estão?
-Foram
às compras, mas não se vão demorar.
-Então
chega-te mas é para lá que me quero deitar para ir ver as minhas
redes sociais. -
Alma chegou-se mais para a ponta esquerda da cama enquanto Catarina
deitava-se do lado direito, abriu o Facebook e pode ver as novidades,
depois deixou alguns tweets no seu Twitter e depois foi altura de ir
até ao Instagram... Onde viu o que não queria.
-Otário,
parvalhão e paneleiro! Mais facilmente é o Porto campeão limpinho
que tu dás um orgasmo a uma mulher, seja ela quem for, por isso
dedica-te mas é ao futebol porque nas outras áreas não te safas
nada bem! Com que então ias ter com a tua prima não é? Olha que
prima... -
Disse depois de se levantar da cama e andando de um lado para outro e
a prima ficou surpreendida. -
Mas se ele está à espera que lhe diga alguma coisa ou que responda
mais às investidas dele que esteja descansado, jamais, não merece
mais ver este corpinho despido!
-Agora
em espanhol Catarina! -
Pediu a prima repreendendo-a. -Escusas
de me dizer que foi algo bom porque pelas tuas expressões foi tudo
menos bom!
-E
é verdade! -
De repente Catarina lembrou-se que tinha prometido a si mesmo que não
iria contar a ninguém o seu envolvimento com José. -
A porcaria do telemóvel não me está a deixar ligar para a minha
mãe, tenho de pedir à minha mãe para me mandar dinheiro para
comprar um novo!
-Queres
ligar do meu?
-Deixa
estar, eu volto a tentar do meu. -
Teve de olhar mais uma vez para a foto para sair do Instagram, e
assim que o fez telefonou à irmã.
-Agora
já está a dar? -
Perguntou a mais nova e Catarina respondeu abanando a cabeça.
-Queres
que sai-a para vos dar privacidade?
-Eu
vou para o escritório lá em cima deixa-te estar. -
Dito isto saiu do quarto e foi para o escritório do seu avô no
andar superior.
-Sim?
-Camila,
como estás?
-Em
valenciano Catarina, valenciano!
-Rodeada
de espanholada estou eu, deixa-me falar contigo em português porque
aqui ninguém me entende!
-Eu
sou mais espanhola que tu e vivo em Portugal e tu mais portuguesa e
vives em Espanha! Como estás?
-Estou
cansada, foi a viagem, o dia foi uma agitação... E tu e a mãe?
-Estávamos
já preocupadas contigo, nunca mais nos dizias nada. O que vale é
que a avó ligou à mãe quando chegaste! Como estão a correr as
coisas por aí?
-Os
meus dias têm sido uma agitação e uma animação...
-Conta-me
tudo, mana.
-Ontem
cheguei e depois do jantar de família fui ao Mestalla, ou melhor, ao
estádio do Valência e conheci um rapaz chamado José, José Gayà,
e o moço realmente é jeitoso. Hoje fui passear durante o dia com os
avós e no final da tarde estava em casa... Na minha casa. É uma
longa história, depois explico-te e ele foi-me tocar à porta com
uma história como “sinto-me atraído por ti desde o início e sei
que não o vou fizer vou-me arrepender” e aconteceu... Simplesmente
aconteceu.
-Então
e o Júlio?
-O
Júlio é passado. O que quer que tenhamos tido terminou.
-Não
estarás a usar o José para o esqueceres?
-O
que aconteceu com o Júlio e com o José é passado, eu não quero
relacionamentos sérios e muito menos com jogadores de futebol.
-Estás
a tentar mentalizar-te que não sentes nada por ele, mas no fundo
acho que ainda não esqueceste o Júlio e o José não te é
indiferente.
-O
Júlio era um menino na cama comparado ao José, mas mesmo assim os
dois eram terríveis. O José então provou que não merece sequer
conviver comigo!
-O
que é que o rapaz já te fez, Catarina Inés?
-Acreditas
que quando acordamos ele disse que já estava atrasado, mas mesmo
assim consegui convencê-lo a irmos até ao banho... E pronto, depois
estávamos já bastante atrasados e ele fez questão de me dizer,
entretanto eu vim para casa dos avós e ele postou uma foto com uma
rapariga, consegues acreditar? Tenho vontade de lhe bater, além do
mais espero que ela nunca lhe dê orgasmos como eu lhe dei!
-Isso
foi um golpe baixo, Catarina!
-Não
quero saber, ele que se atreva a aparecer à minha frente ou que me
diga o que quer que seja, estou mesmo fula com ele!
-Secalhar
é a irmã... Ou a mãe, não sabes! O que diz a legenda?
-Não
vi, nem quero ver, eles que sejam felizes, de preferência longe de
mim!
-Porque
me parece que isso sejam ciúmes?
-Acredita
que não são, ele fez-me sentir usada e isso é sentimento que
nenhuma mulher deve sentir na vida! Não me deve satisfações, eu
sei e nem eu as queria, mas parece que ele foi para a cama comigo
porque não conseguia ir com mais ninguém, que fui presa fácil e
agora? Arranjou logo outra e esqueceu-se da minha existência.
-Porque
não combinas nada com ele para falarem?
-Não
vale a pena Camila... Simplesmente não vale. Não fui feita para ter
relações, e sinceramente não me importo. De todas a vezes que
tentei magoei-me, mas também não me deixo ir abaixo, tenho
preocupações maiores e vou para a faculdade e tenho de me
concentrar nisso.
-E
se te aparecer alguém de quem gostas realmente?
-Não
vai aparecer. -
Respondeu sorrindo, aceitando com tranquilidade o que dizia. -
Mas agora vou jantar, eu volto a ligar ao jantar depois do jantar,
beijo!- Dito
isto Catarina desligou a chamada e voltou-se de costas e estava ali a
avó, que ficou a olhar para ela. -
Olá avó! Desculpa o atraso mas quando me ligaste fui tomar banho e
voltei a adormecer na banheira, mas prometo que vou tentar não me
atrasar mais. -
Nunca mais por estes motivos, prometo! Pensou consigo própria. -
O jantar já está pronto?
-Sim
meu bem, vinha chamar-te. E não tem mal o atraso, eu e o teu avô
também fomos às compras... A tua prima é que já está com o
feitio impossível com a fome!
-Eu
sou igualzinha com a fome, avó! -
Sorriram e Catarina sentiu o telemóvel na sua mão vibrar e tocar,
olhou para o visor e era José.
Será
que Catarina vai atender?
E
se atender, o que lhe dirá? E o que quererá José?