domingo, 5 de junho de 2016

Capítulo 11 "São as melhores torradas que comi na vida!"

No último capítulo...

-Interessada por futebol, portanto.
-Dizem que sim.
-Vamos então sair da água?
-Sim, vamos.
Ambos nadaram para as escadas e saíram da piscina.

-Conheces o José? Falaste dele de forma diferente...”


(Catarina)
-Sim, conheço. Conheci-o no dia em que cheguei, no estádio. O meu avô teve uma emergência por volta da hora do jantar e levou-me com ele e estava eu, distraída, a passear e a tentar descobrir como sair daqueles labirintos e milhares de portas e acabei por chocar contra ele, que, tinha deixado a carteira no balneário e também estava distraído, ele acabou por me mostrar o estádio e até jogamos no relvado, depois fomos comer um gelado com as minhas primas e o Iker, o namorado da Alma, e aí sim, apresentei um futuro casal!

-Não me digas que a tua prima e o José...
-Ainda não... Mas eu acredito que sim, já apostei com ela e tudo. Tens de os ver juntos, a partir daí dás-me razão, passam a vida a mandarem boquinhas, a provocarem-se, quase que saltam faíscas!
-Não quero que me leves a mal... Mal te conheço e a eles também mas do que conheço, parece-me muito diferentes, quase opostos.
-Achas que não sei, João? - Perguntou sorrindo. - Até a forma como vivem é completamente diferente. Os objetivos, forma de ser e de estar na vida, pouco ou nada têm em comum, mas nunca ouviste dizer que os opostos se atraem?
-Sim... Mas no nosso caso, não acredito que sejamos opostos, até acho que temos bastante em comum. - Catarina corou. - Já te disse que te adoro ver corada? Ainda para mais por minha causa, Cat?

-Já eu nunca tive oportunidade de te ver corado... Jota. - Ele sorriu e corou. - Pelos vistos já tive oportunidade.
-Senta-te no meu colo. Por favor. - Ela não hesitou e sentou-se no colo dele e pousou a cabeça no ombro dele e fechou os olhos. Sentia a respiração dele embater contra a sua pele e o coração a bater rápido, mas por alguma razão acalmava-a. Abriu os olhos e pode deparar-se com João a desfrutar do momento da mesma forma que ela, deu-lhe um beijo no queixo e de seguida, um beijo na ponta do nariz e ele sorriu mas não abriu os olhos.

-Já te disse que tens o sorriso mais bonito que vi na minha vida? - Ele abriu os olhos. - E os olhos mais bonitos que vi até hoje? - João ia aproximar-se dos lábios dela mas hesitou.
-Podes e deves beijar-me. - João encostou os lábios dela aos seus mas apenas um encosto de lábios. - Chamas a isso um beijo? - Ele sorriu e esperou uns segundos e beijou-a num misto de emoções: carinho, atração, amor, luxuria, encanto, novidade, emoção e surpresa, e ela surpreendida tombou no chão mas nem assim largou os lábios dele. O beijo tornou-se numa série de beijos e as carícias queriam tornar-se mais... A mão de Catarina estava já sobre os abdominais dele...

-Espera. - Disse João levantando-se e recompondo a roupa. - Não, Catarina, não. Isto só vai acontecer quando estivermos juntos, quando for algo mais que atração... Será algo mais que isso, vai ser inesquecível.
-João, desde que seja contigo será inesquecível. - O rapaz corou e sorriu, deu-lhe um beijo rápidos nos lábios. - Eu só tive uma companheira até hoje.
-João, eu também não tenho assim tanta experiência... Só tive dois companheiros até hoje.
-Não estás a compreender, Catarina... Eu só tive a minha primeira vez. - A rapariga calou-se. - Eu namorei com a Sara durante dois anos e nunca sentimos aquela necessidade física de nos envolvermos, mas ouve um dia que aconteceu... E passado uns dias a minha mãe.... - Hesitou. - E depois disso passei mal, mesmo mal... Mas escondi. Escondi tudo. E apesar da Sara ter tentado ser uma força, eu é que não tinha força para aquela relação e terminamos, ou melhor, eu decidi terminar tudo, e desde aí nunca mais consegui olhar, nem querer outra rapariga.

-Jota... - Catarina abraçou-o. - Eu sei bem a dor que passaste, o que sofreste e ainda custa. Eu sei... Mas também sei que és mais forte que esta dor, e que agora nós dois, estaremos ainda mais fortes, porque os nossos pais uniram-se para nos dar ainda mais força... Juntos. - Deu-lhe um beijo na testa. - E tens-me a mim. Agora somos um. - Deu-lhe um curto beijo nos lábios, apenas um encosto.
-Gosto muito de ti. - Respondeu limpando as lágrimas e sorrindo.
-E eu de ti, meu bem. - Trocaram um beijo curto. -Também quero que saibas sobre o meu passado romântico.
-Catarina...
-João, eu vou contar-te. Também precisas e mereces saber, depois de ouvires, podes decidir fazer o que quiseres que eu compreenderei.

-Catarina. - Apertou as mãos dela entre as suas. - Isso não irá acontecer, gosto demasiado de ti.
-Obrigada. - João deu-lhe um beijo na testa e Catarina baixou a cabeça, ganhando coragem e sem encará-lo, era difícil falar sobre isso. - Além da minha irmã, mais ninguém o sabe. Custa-me falar sobre isso, mas neste momento é passado, tenho de me mentalizar disso. O futuro está à minha frente. - Ergueu a cabeça e viu João, que lhe sorriu.
-Se eu aceitar o que me disseste, posso apresentar-te à minha família daqui a uns dias quando eles vierem visitar-me?

-Sim, mas não me vais apresentar como namorada... Até porque ainda não o somos.
-Catarina, o que me ias contar? - Ele mudou de assunto, achava que talvez fosse melhor.
-Vais escutar tudo o que tenho para te contar e depois podes dizer tudo o que quiseres, podes até enojar-me para o resto da tua vida mas não me julgues até te explicar tudo. - Fez uma pequena pausa para pensar nas palavras corretas, que nem sequer existiam, mas pelo menos a que pareciam menos mal. - Eu estive com uma pessoa casada durante três anos. Eu sei que não o deveria ter feito e que provavelmente já me estás a julgar, mas eu acreditei mesmo que estávamos apaixonados, acreditei nas promessas que ele me fazia, que a ia deixar para ficar comigo, mas, nestes três anos, ele engravidou a mulher por duas vezes e eu percebi que nunca iria deixar de ser a outra, que a prioridade seria sempre ela e os filhos dele, não o condeno, nem critico, afinal quem estava a mais era eu e só eu e portanto decidi separar-me. É verdade que me custou e que pensei voltar atrás mas era o melhor para todos continuarmos assim. Não quis vir para aqui para o esquecer e me afastar totalmente, mas foi um fator importante, não o nego.

-Catarina, sabes que isso só me faz gostar ainda mais de ti, não sabes?
-João, eu podia ter estragado um casamento, uma promessa de amor eterno, um casal, com filhos, só porque estava apaixonada.
-Tu estás a ver isso de uma perspetiva diferente da minha. - Acariciou-a na face. - Até podes ter razão ou não, mas tu não te importaste de ser a outra, não te importaste de ser escondida e calada, de não aparecer nos momentos importantes, mas, mesmo assim continuar a dar o mesmo amor. E quando sentiste e enfrentaste o medo e o receio da culpa de separares uma família, afastaste-te, abdicaste de tudo e mudaste-te, porque era o melhor. E sabes? Talvez tenha sido mesmo o melhor, o destino, a juntar-te aqui comigo. - Catarina sorriu, apenas ele conseguiria ver o lado bom desta situação dura para ela e abraçou-o, mais que um futuro amor e uma atração, João era um verdadeiro amigo e abraçou-o.

-Obrigada. Jota... - Hesitou e ele rapidamente percebeu o motivo da hesitação dele. - Achas que te posso beijar?
-Entendo o teu receio...
-Agora. - Interrompeu. - Por favor.
João sorriu e esperou que ela o fizesse, e ela embora com medo encostou os lábios dela nos seus, e depois baixou a cabeça e corou.
-Foi o primeiro beijo que me deste e nada o podia tornar mais especial. - Ambos sorriram e trocaram um olhar cúmplice. - Não precisas de me pedir para o fazeres, fá-lo e pronto.

-Mas isso não é justo! - Respondeu. - Tu tens de me pedir para te beijar e eu não o tenho de fazer.
-Podemos chegar então a um acordo. Eu beijo-te quando quiser e tu beijas-me quando te apetecer.
-Assim não me largavas os lábios!
-Para mim parece-me um acordo justo! - Sempre que João sorria, Catarina sentia-se cada vez mais ligada a ele, mais próxima e mais... Apaixonada. Todo o arsenal de defesas que ela tentava atirar contra ele e para proteger o seu coração acabavam desfeitas quando ele se limitava a sorrir, e com cada palavra, ela sentia-se mais e mais apaixonada e mais confiante nos dois.

-Temos acordo! - Sorriu para ele. - E queria também contar-te sobre algo mais... Sobre a última pessoa com quem me envolvi... À pouco tempo. Já cá estava em Valência, mas quero que saibas que não significou nada para mim, nada mesmo. Foi apenas uma atração.
-Foste para a cama com o Gayà?
-Sim... - Baixou a cabeça. - Podia tentar esconder-te e até mentir-te mas acredito que a verdade vem sempre ao de cima e se quero ter uma relação contigo como aquilo que sentimos, acho que deveria ser sincera.
João calou-se, não sabia o que dizer. -Não quero que penses que não vou para a cama contigo porque não quero e com ele foi facilidade porque não foi nada assim! Com ele foi apenas atração, contigo é amor e com ele foi o que foi e agora é uma amizade, não se vai passar nada mais!
-Não estás apaixonada por ele?
-Nem pensar nisso João!
-E se algum dia o quiseres em vez de mim? Ele apareceu na tua vida primeiro que eu.
-Ele não está apaixonado por mim, nem eu por ele, o que aconteceu foi apenas isso, algo que aconteceu e que nem sequer deixou marca, tanto que ele no dia em que foi para a cama comigo, foi para a cama com outra!
-O José fez isso? Não me parece nada dele...

-Ele publicou uma fotografia com a rapariga e tudo, e eu fiquei super desiludida.
-A última que ele publicou?
-Sim, ainda por cima a rapariga é exibicionista.
-Tu estás a dizer-me que ele foi para a cama com a prima?
-Prima?!
-Sim, na legenda da foto diz prima.
Catarina ficou calada de tamanha surpresa que havia tido.
-Tu não tinhas lido a legenda pois não?
-Não. Mas isso pouco me importa, é passado, embora interiormente me chame parva porque nem a legenda li e já tirei as minhas próprias conclusões, isto não é bom para uma futura jornalista.
-Tu queres seguir jornalismo? Estou a falar com a futura jornalista do Valência?
-Quem sabe... - Sorriu-lhe. - O meu sonho mesmo era trabalhar nos estúdios da Benfica TV, mas se a proposta me surgir da parte do teu clube, podes crer que aceito.
-Já te imaginaste a entrevistar-me? E depois de uma vitória muito importante ires-me entrevistar e eu beijar-te como fez o Casillas à Sara Carbonero?
-Mas isso foi no Mundial, não foi pelo Real Madrid, meu amor. - Acariciou-lhe a face. - E se eu for trabalhar para a rádio, podes dar-me os beijos que quiseres que ninguém vê.
-E queres dar-me muitos beijos?
-Tantos quantos quisermos.

-Olha que eu sou capaz de nunca me fartar.
-Numa altura da nossa vida vais acabar por deixar de me dar para dares aos nossos filhos.
-Já imaginaste os nossos filhos?
-Sim... Se tu os quiseres ter.
-Quero, quero mesmo. - Deram as mãos. - Mas tu não queres ir devagar?
-Sim, mas quero transmitir-te que apesar de te ter pedido calma, que não faz com que deixe de gostar menos de ti.
-Deixa-me fazer-te uma pergunta... Tu gostaste mesmo desse homem casado com quem andaste?
-Eu tinha pensado que sim... Mas hoje já não sei, talvez o Júlio tenha sido apenas uma fase que já passou na minha vida.
-E o José?

-Foi apenas umas voltas, atração, nada mais. E... Tu?
-A Sara foi alguém de quem gostei e talvez tenha sido injusto e ingrato com ela, mas não sei... Talvez tenha sido uma amizade que evoluiu mas no fundo era só uma amizade.
-João... Vamos deixar que as coisas se descubram com o tempo está bem? Agora vamos aproveitar para descansar, que te parece?
-Queres ir já dormir? Ainda não estou cansado.
-Hiperativo o meu futuro namorado! - Sorriram. - Então queres fazer o quê?
-Quero conhecer Valência!
-A esta hora João? Pensei que poderiamos aproveitar para descansarmos, ou melhor para nos deitarmos em conchinha...

-Com este calor, Catarina?
-Não queres dormir agarrado a mim?
-Quero... - Respondeu com receio. - Mas vamos dormir a tua casa.
-Combinado! Pega numa t-shirt tua e já tenho com que dormir.
-Deve ser extremamente atraente ver-te assim...
-Não te ponhas com ideias, amanhã tens treino.
-Na realidade não tenho... Posso ficar a dormir até tarde com o meu amor na sua caminha.
-E levas o teu carro? Aposto que é um bruto carro e só o queres desfilar e fazer passear pela cidade.
-Daqui para tua casa é muito tempo a pé?
-Não, dez, quinze minutos.
-Então vamos a pé que só faz bem andar. - Levantou-se e deu a mão a Catarina e fê-la levantar-se. - Vou escolher a minha roupinha para amanhã e tu vê se escolhes uma t-shirt minha para dormir.

-Qualquer coisa que escolhas para mim está bom.
João preparou a sua mochila e deu a mão a Catarina, e juntos seguiram até casa dela.
-Tens uma vista para o estádio incrível.
-Já tens onde vir dormir depois dos jogos.
-Prometo que te compenso as noites que vier cá dormir, sabes? Dizem que sou um grande chef!
-Estou para ver isso. - Sorriram. - Não precisas de me compensar, vens e pronto.
-Estou a tentar ser romântico!
-Calei-me! - Sorriram. - E és tão romântico que me vais deixar tomar banho primeiro. - Deu-lhe um beijinho na testa e foi para a banheira onde ligou a música e lembrou-se dos momentos que vivera com José... Haviam sido todos naquela pequena casa e não poderia ser ali que iria viver aquele momento inesquecível com João, seria injusto para ele. Depois do banho, enrolou- se numa toalha e foi para junto de João e deparou-se com ele sentado na cama com uma pequena refeição improvisada: umas torradas partidas em quatro, e dois copo de sumo de laranja.

-Espero que não te importes mas fiz serventia da cozinha.
-A fome era negra ou era só para me tentares conquistar pela barriga?
-Ambas. - Sorriu. - Tens a minha t-shirt em cima da tua cama para vestires.
-Não te importas que me vá vestir à casa de banho?
-Claro que não, não te quero deixar incomodada.

Catarina agarrou na t-shirt de João e foi vestir-se, quando voltou, estava o rapaz sentado em cima da cama com a pequena refeição.

-A minha t-shirt fica-te bem.
-Obrigada. - Corou. - Vamos lá provar os magnificos dotes culinários.

Catarina levou o primeiro pedaço de torrada à boca e ficou surpreendida... A manteiga estava colocada de forma perfeita, nem mais, nem menos, estavam também pouco queimadas como ela também gostava.

-As torradas não devem estar grande coisa.
-São as melhores torradas que comi na vida.
-A sério? - Os olhos dele brilharam. - Eu tinha-te avisado que era um verdadeiro chef!
-Sabes que para se fazer torradas não é preciso ser-se chef? Eu com 6 anos já fazia sozinha!
-Não destruas os meus sonhos de um dia ser um chef de cozinha. - Catarina puxou um cabelo dele para trás da orelha e deu-lhe um beijo curto e sorriram.
-Podes sempre ser o meu chef particular.

João sorriu.

-Isso quer dizer que estamos juntos sem estarmos?

O que irá responder Catarina?
O que será quererá dizer João? Como será o futuro desta relação?