quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Capítulo 13: “Nunca te vou deixar ir”


(Catarina)
-Quer dizer sim. - Afirmou e ambos sorriram. - Mas não te esqueças que pedi para irmos com calma. - Advertiu. - Nós gostamos muito um do outro, mais do que simples amigos, mas nós ainda não nos conhecemos bem e quero desfrutar ao máximo de te conhecer antes de entrar numa relação, sabes levar tudo com calma, sem pressão de estarmos num relacionamento, sabes?
-Claramente, mas não vemos ter um caso tipo tu e o José pois não?
-Por acaso já fomos para a cama? - Sorriu. - Por ele sentia um desejo carnal, nada mais que isso, enquanto que por ti, é algo mais interior, mais emocional entendes?
-Perfeitamente, embora na verdade não o tenha sentido na pele.
-Vou explicar-te de forma simples. - Levantou-se e foi buscar uma peça de fruta. - Tu sentes vontade de dar uma trinca nesta peça de fruta não é? De saborear, de comer, de apreciar a sua textura e tudo isso. Não existe mais sentimentos. Enquanto tu quando tens um telemóvel novo. - Pegou no telemóvel, novo, de João. - Tens vontade de mimá-lo, de apreciá-lo, de querê-lo e mostrar a toda a gente, de estimá-lo, e de cuidar dele, é como se houvesse um sentimento diferente na tua vida que isto te dá. Bem essa é a diferença entre o que sinto por ti e o que sinto pelo José. - Ambos sorriram.

-É impressão minha ou comparaste-me a um telemóvel novo?
-É uma força de expressão, meu bem. - Deu-lhe um beijo na bochecha. - Era só para tu compreenderes as diferenças. Depois de comeres a fruta, sentes-te satisfeito mas caso não seja assim tão boa, não queres comer mais não é verdade? E confesso-te que não foi assim tão espetacular. - Mentiu, mas era uma mentira piedosa, queria apenas provar-lhe que não estava interessada em retomar o passado com José.
-E se ele se tiver apaixonado por ti? - Deixou os seus receios falarem para Catarina escutar. - Não o censuro por isso, conheci-te hoje e já te acho apaixonante.
Catarina fez-lhe uma pequena festa na cara.
-João, se acontecer, eu vou-lhe dizer que não gosto dele da mesma forma, e até porque eu te tenho a ti. - Deu-lhe um beijo na testa. - E é só a ti que quero, tenho a certeza disso.
-Como eu te quero a ti?
-Mais. - Ambos sorriram. - Queres ver um filme?
-Ou preferes fazê-lo? - Sugeriu, provocando-a.
-Que sugeres?
João olhou para ela e piscou o olho.
-Não sei, estou à espera que me digas... Aceito sugestões.

O rapaz começou a distribuir-lhe pequenos beijos desde o colar até ao pescoço e Catarina ficou arrepiada, por completo e por isso não tinha instintos para recusar.

-Que estilo de música gostas de ouvir?
-Oiço de tudo um pouco, na verdade, e até dizem que tenho jeito para cantar... Mas o meu sonho não passa por aí.
-E porque não cantas para mim?
-Eu tenho vergonha... Só consegui contar para os meus pais e para a minha irmã, e foi de olhos fechados.
-Escolhe a música que mais gostas e canta-me, de olhos fechados, finge que estás sozinha e estás só a expressar o que sentes.
-A minha música preferida fala de amor, mas é um amor diferente.
-E vou ficar apaixonado pela música, seja de quem for e qual for a letra.
-Tens a certeza?
-Apaga a luz e fala-me com o coração.
Catarina pegou no comando da televisão e aproximou-se do interruptor e apagou a luz, respirou fundo e fez o que João lhe pediu, deixou o coração falar através de uma canção que era quase como uma carta que havia escrito ao seu pai.

Oh if you could see me now (Oh se me pudesses ver agora)
Oh if you could see me now (Oh se me pudesses ver agora)

It was February fourteen, Valentine's Day
(É 14 de Fevereiro, dia dos Namorados)
The roses came, but they took you away
(As rosas vieram mas levaram-nas embora)
Tattoed on my arm is a charm to disarm all the harm
(Tatuado no meu braço está um feitiço para desarmar o mal)
Gotta keep myself calm but the truth is you're gone
(Tenho de manter-me calma mas a verdade é que te foste embora)
All I'll never get to show you these songs
(E eu nunca vou poder-te mostrar-te estas músicas)
Dad, you should see the tours that I'm on
(Pai, tu devias ver as tours em que eu estou)
I see you standing there next to Mom
(E eu via-te sentado ao lado da mãe)
Both singing along, yeah arm in arm
(Ambos a cantarem, de mãos dadas)
And there are days when I'm losing my faith
(E nestes dias quando estou a perder a minha fé)
Because the man wasn't good he was great
(Porque o homem não era bom, era ótimo)
He'd say music was the home for your pain
(Ele dizia-me que a música é a casa da tua dor)
And explain, I was young, he would say
(E explicava que eu era jovem, ele diria)

"Take that rage, put in on a page
(Pega nessa raça, põe-na numa página)
Take the page to the stage (Pega nessa página até ao palco)
Blow the roof off the place"
(Rebenta o palco do sítio)
I'm tryna make you pround
(Estou a tentar deixar-te orgulhoso)
Do everything you did
(A fazer tudo o que tu farias)
I hope you're up there with God
(Eu espero que estejas com Deus)
Saying that's my kid
(A dizer “é o meu miúdo”)

I still look for your face in the crowd
(Ainda te procuro na multidão)
Oh, if you could see me now
(Oh se me pudesses ver agora)
(Oh, if you could see me now)
(Oh se me pudesses ver agora)
Would you stand in disgrace or take a bow
(Ficarias desiludido ou davas-me uma palmada nas costas?)
Oh, if you could see me now
(Oh se me pudesses ver agora)
(Oh, if you could see me now)
(Oh se me pudesses ver agora)

(Oh, if you could see me now)
(Oh se me pudesses ver agora)

If you could see me now would you recognize me
(Se me pudesses ver agora, será que me reconhecias)
Would you pat me on the back or would you criticize me
(Davas-me uma palmada nas costas ou criticavas-me?)
Would you follow every line on my tear stained face
(Seguirias cada linha das minhas lágrimas no meu rosto)
Put your hand on a heart (Punhas a mão no coração)
That's was cold as the day you were taken away (Está frio como no dia em que te foste embora)
I know it's been a while but I could you see cleat as day (Eu sei que se passou um tempo, mas eu poderia ver claro como de dia)
Right now, I wish I could hear you say (Agora mesmo, eu desejava puder ouvir tu dizeres)
I drink too much and I smoke too much dutch (Que bebo muito e fumo demasiado também)
But if you can't see me now that shit's a must (Mas se me puderes ver agora é necessário)

You used to say I won't, know I will until it cost me (Tu costumavas dizer que eu não faria, agora eu faria até que me custasse)
Like I won't know real love till I've loved then I've lost it (Como se não fosse conhecer amor verdadeiro até ter amado e perdido)
And if you're lost a sister, someone's lost a mom (Se perdeste uma irmã, alguém perdeu a mãe)
And if you're lost a dad, then someone's lost a son (Se perdeste o pai, alguém perdeu o filho)
And they're all missing now, ya they're all missing now (E se estão desaparecidos agora, sim, estão desaparecidos agora)
So if you get a second to look down at me now (Então se tiveres um segundo, olha para mim agora)
Mom, Dad, I just missing you now (Mãe, pai, eu estou a sentir a vossa falta)

I still look for your face in the crowd (Ainda procuro o teu rosto na multidão)
Oh, if you could see me now (Oh, se me puderes ver agora)
(Oh, if you could see me now)
Would you stand in disgrace or take a bow
Oh, if you could see me now
(Oh, if you could see me now)


Oh.. oh..

Would you call me a saint or a sinner?
(Chamar-me-ias de santo ou pecador?)
Would you love me a loser or a winner? (Chamar-me-ias de perdedor ou vencedor?)

Oh.. oh..

When I see my face in the mirror (Quando vejo a minha cara no espelho)
We look so alike that it makes me shiver (Somos tão parecidos que até me arrepia)

(...)
Oh..

You could see, you could see me now
(You could see, you could see me now)

Quando terminou de cantar, limpou as lágrimas que lhe caiam no rosto e sentou-se ao lado de João, embora que ainda de luzes apagadas.

-Que achaste? - O rapaz não conseguia responder, não conseguia sequer pensar no que dizer, simplesmente não sabia como reagir. - João? - Continuaram em silêncio durante alguns segundos e continuava sem resposta. - Adormeceu! Ora que bonito serviço!
Quando menos esperava sentiu uns braços a rodearem-lhe o corpo e bem próximo de si.
-É a minha música preferida, Catarina. - A rapariga sentiu as lágrimas dele a caírem sobre o seu vestido e a ficar cada vez mais arrepiada até as lágrimas começarem também a cair dos seus olhos. - Não quero ser o culpado das tuas lágrimas, meu amor.
-É como se tivesse escrito uma carta ao meu pai, percebes?
-Catarina, tenho a certeza que o teu pai tem muito orgulho em ti.
-E a tua mãe em ti! - Abraçaram-se ainda mais fortemente.
Deixaram-se ficar abraçados mais uns minutos, até sentirem até que enfim os corpos cansados e o corpo a fraquejar.
-Queres acender a luz e irmo-nos deitar?
-Porque queres acender a luz? Queres-me é ver sem o meu vestido quando for vestir o pijama?
-E tu queres ver-me despir a minha camisola para te dar!
-E se o fizéssemos de luzes apagadas?
-Estou pronto!
Levantaram-se do sofá e enquanto ela tirava o vestido, ele tirava a t-shirt e depois deu à rapariga.

-E vais dormir de calças, meu bem?
-Quem te disse que estou de calças?
-Estás despido, João Cancelo?
-Está descansada que não!
-Assim fico! Então vais dormir como?
-Em boxers! Como se dorme no Verão, afinal?
-Eu não durmo em boxers!
-Mas tu não és rapaz! - Respondeu brincando com ela. - Vou-te levar para a cama.
-Então e a calma, meu menino?
-Levar-te para a cama, não era nesse sentido! Nunca pensei que fosses tão perversa, Catarina!
-E se eu quiser dormir no sofá?
-E se eu te quiser na minha cama?
-Assim ia.
-Ótimo, porque é para onde vamos agora. - Pegou na rapariga ao colo que se assustou e mandou um pequeno grito.

-Não acredito que me trouxeste ao colo até à cama, eu podia ter vindo a pé! - Disse depois dele a pousar sobre a cama.
-Não teria o mesmo impacto logo no primeiro encontro.
-Estamos a ir muito rápido para um primeiro encontro!
-E estás arrependida?
-Nem por um segundo!
Deitaram-se sobre a cama frente a frente.
-Como preferes dormir?
-Espera. Quero fazer algo primeiro. - João calou-se e ficou à espera do beijo de Catarina, mas em vez disso sentiu uma mão fria passar pelo seu corpo quente.
-O que estás a fazer?
-O que quero apenas fazer. - Continuou com a mão sobre o peito dele e segundos depois até aos quadris e podia dizer que estavam definidos de uma forma extraordinária, eram perfeitos para si... De incrivelmente bem definidos. Não em exagero, mas em conta, peso e medida indicados. Arrepiou-se.
-Não precisas de te arrepiares.
-João... - O corpo arrepiou-se por completo. - Uau. Apenas uau.
O rapaz sorriu.

-Posso sentir a tua curva mais bonita?
-Isso não é o sorriso?
-Tudo conversas bonitas, no fundo não é nada disso que se sentem!
-Tão direto... Agrada-me! - Sorriu. - Força.
-Confias em mim para descobrir qual é a curva mais atraente numa mulher?
-Fá-lo.
Embora a medo ele acabou por pousar a mão sobre a anca.
-A anca?
-As tuas ancas atrairam-me!
-Queres dizer que tenho as ancas mais largas do que é normal?
-Nada disso! - Respondeu preocupado. - Não gosto de ancas estreitas, quero uma mulher, não um homem!
-Gosto da forma como se fazes sorrir, tão genuinamente, sabes?
-Adoro a forma como me beijas, sabes?
Catarina virou-se de costas para ele e deitaram-se em conchinha.
-Adoro andar a comer cabelos.
A rapariga sorriu e afastou os cabelos da cara de João o mais que pode.
-Não tive ainda o meu beijo de despedida. - Queixou-se. João aproximou-se dos seus lábios e deu-lhe um beijo carregado de sentimentos.
-Vou ter saudades tuas.
-Nunca te vou deixar ir. - Deixou no ar a promessa.
-E quando tiver de ir amanhã para o treino?
-Acordas-me só quando voltares para almoçarmos, vale?
-Então terei de ser eu o responsável pelo almoço, é isso que me queres dizer?
-Era uma indireta, mas sim. - Deu-lhe um beijo no nariz. - Vamos dormir, sim?
-Obrigada por teres confiado em mim, quando me cantaste à pouco.
-João, dorme, por favor. - Pediu já com sono.
-Dorme bem princesa.

Acabou por não obter resposta, percebeu que a rapariga adormecera e decidiu seguir-lhe o exemplo.

(No dia seguinte)
Catarina acordou cedo, pouco passavam das 11h e João deveria ter começado o treino há pouco tempo, e decidiu preparar-lhe um dia diferente: iria ter com ele ao centro de treinos, e depois iriam ter um almoço romântico surpresa, depois iriam fazer uma competição de Play Station, afinal qual era o rapaz que não sabia jogar?! Depois iriam até casa dos seus avôs ao final da tarde tomar um banho de piscina e aproveitavam para jantar por lá.
Depois de tomar banho, vestiu apenas o seu vestido da noite anterior e foi ao armário de João tirar um casaco e ficou impressionada com o bom gosto do rapaz, tinha “escolhido” um rapaz com bom gosto, sem sombra de dúvidas! De seguida preparou uma mesa bastante acolhedora para duas pessoas almoçarem e fez a cama, ou pelo menos tentou endireitar os lençóis. De seguida foi até à rua e decidiu chamar um táxi e ir até à ciudad deportiva, onde treinava João e foi... Com uma viagem pouco maior de vinte minutos chegou ao centro de treinos e esperou apenas alguns minutos para ver João sair... Acompanhado. O rapaz parou ao seu lado e sorriu, de orelha a orelha.

-Que bonita surpresa meu amor! - A rapariga aproximou-se do carro e deu-lhe um pequeno beijo na testa.
-Vim ter contigo para depois irmos para casa!
-Onde deixaste o carro?
-Vim de táxi, estava à espera da tua boleia.
-Estás à espera há muito tempo?
-Dez minutos, se tanto.
-Entra no carro, vamos para casa. - A rapariga obedeceu e sentou-se no banco de trás do carro. - Espero que não te importes mas hoje levamos companhia!
-Olá Catarina. - Era André Gomes que se virara do lado do pendura para trás para ver a rapariga.
-Olá André.
-Conhecem-se?

De onde se conhecem afinal André e Catarina?
Será que o almoço romântico foi arruinado? E o dia que ela tinha planeado?