sexta-feira, 13 de maio de 2016

Capítulo 10: “Tu estás de boxers, e eu com a tua t-shirt vestida, senão se passou nada do óbvio, o que se passou então?”


(Isabel)
Depois da discussão de Alma e Iker, Isabel decidiu ir beber para esquecer. Já avisara inúmeras vezes a irmã que ele não a merecia e que deveria colocar de vez um ponto final na relação para ele não chegar ao ponto de se tornar violento em vez de controlador apenas, ela já havia avisado e não suportava ver tudo aquilo mais uma única vez. Talvez devesse ter acompanhado a irmã para ela não ir sozinha com os nervos que estava a sentir mas decidiu respeitar o espaço dela, assim ficava por casa e apoderava-se da atenção de Iker bebendo e dar à irmã um pouco de liberdade. Com o tempo que passava ia bebendo mais e mais, e Iker apenas observava, sem nada dizer, mas a sua expressão não era agradável mas ela nem se importava, ao contrário da irmã fazia o que queria e não o que achava correto, mesmo que soubesse que mais tarde lhe iria causar problemas.

-Já chega não achas? - Iker agarrou-a no braço e pressionou-a.
-Eu não sou a minha irmã, Iker, eu faço o que eu quero e não o que tu queres que eu faça. - Apontou-lhe com o dedo indicador com força no peito.
-Onde se enfiou ela?
-Ela foi comprar bebidas não te lembras?
-E demoras assim tanto?
-Deixa a minha irmã em paz, ouviste?
-Isso não vai acontecer.
Isabel ignorou e aproximou-se de um rapaz que não conhecia mas estava também na festa, provavelmente amigo de um amigo seu.
-Tu és muito giro sabias? Como te chamas?
-Sou o Pedro e tu?
-Isabel, mas para ti é bela, meu querido. - Passou a mão pela sua face e sorriu-lhe. -Vou buscar um copo para os dois, já volto.
Foi até à mesa das bebidas mas foi surpreendida por um convidado.
-Não sabia que estavas aqui.
-Parece que sim. - Sorriu. - Não achas que já bebeste demais para beberes outro copo?
-Mas és meu pai? Meu amigo, sou maior de idade, sou livre de fazer o que quiser, não mandas em mim!
-Estou a avisar-te enquanto teu amigo.
-Não sou amiga de uma pessoa com quem não me importava de ir para a cama!
-Isso é o álcool a falar mais alto!
Isabel empurrou-o contra a parede e mordeu-lhe a orelha.
-Se fosse o álcool não faria isto. - Mordeu-lhe o lábio. - Só estou a dizer o que não tive oportunidade de dizer sóbria! Quero testar-te na cama, José Gayà!
-Mas o que se passa com a tua família e com a vossa vontade de me levar para maus caminhos?!
-Oh meu amor... Eu levava-te para os caminhos que quisesses. - Disse aproximando-se ainda mais dele que estava já encostado à parede.
-Mas tu sempre me picaste e disseste que nunca terias nada comigo.
-José, sou mulher, tenho direito a ter os meus momentos de bipolaridade.
-Eu não me vou aproveitar de ti... Não, neste estado. - Disse afastando-se dela.
-Anda comigo. - Deu-lhe a mão e foram até ao quarto dela, que fechou a porta e trancou-a. - Vais-me dizer que sempre te fui indiferente?
-Dá-me a chave do teu quarto, amanhã falamos quando estiveres lúcida.
-Lembraste daquele dia em que comemos gelado ao pé do Mestalla?
-Sim, no dia em que nos conhecemos.
-Eu teria abdicado do gelado se te pudesse comer.
-Tu não és assim!
-Pois não, sou assim. - Despiu o vestido e olhou-o. - Acho que não poderia ter sido mais direta, não achas? - Aproximou-se dele e beijou-o com intensidade e vontade de o beijar e ter só para si, ele não recusou, agarrou-a na cintura e ela saltou-lhe para o colo onde se prendeu com as pernas. Entre beijos e provocações deixaram-se cair na cama.

-Não posso... Não posso mesmo. - Disse levantando-se da cama.
-És gay ou assim?!
-Não, não sou gay, mas não posso ir para a cama contigo! - Isabel não sabia ao que ele se referia mas José sabia bem... Não podia dormir com duas primas, não se perdoaria.
-Explica-me porquê!
-Não posso porque não posso!
-És gay!
-Queres uma prova? - Isabel levantou-se e aproximou-se dele, agarrou nas suas mãos e colocou-as sobre o seu peito, ele não resistiu e começou a beijá-la e ela não recusou. Pousou-a na cama e quando se preparava para tirar as calças deparou-se com uma falta de resposta e movimentação dela... Olhou-a e adormecera.
José sorriu, aquela rapariga era divertida mas também o deixava pensar... Ela queria dormir com ele, queria testá-lo e mesmo que ele tentasse resistir sabia que não conseguia, era humano e ela tinha um poder de sedução incrível, ou talvez, e só desta vez, fosse o álcool a falar. Não poderia deixá-la deitada em cima da sua cama apenas em roupa interior, por isso despiu a sua camisa e vestiu à rapariga. Era difícil, bastante difícil resistir aquele corpo mas tinha de se focar. Respirou fundo e foi apertando os botões, mas ela não parava quieta e dificultava-lhe a (já difícil) tarefa, quando por fim terminou, abriu a cama e deitou-a, tapou-a e precisava também ele de dormir, mas não se sentiria bem a deixá-la ali sozinha e decidiu ficar no quarto com ela. A música estava já mais baixa e rezava para não darem pela falta de Isabel, deixou a porta trancada e deitou-se ao lado dela, tentou ter espaço suficiente mas revelou-se uma tarefa difícil porque mal se deitara, Isabel tinha-se aproximado dele. José contou até dez e respirou fundo, era só umas horas, precisava mesmo de descansar senão não conseguiria treinar na manhã seguinte.

-Do José? - Disse Isabel, fazendo-o assustar-se. - Houve algo nele que me atraiu desde o primeiro olhar, mas não era aquela atração e a vontade de o levar para a cama e pronto, embora não me importasse nada, assumo, mas apeteceu-me logo provocá-lo e atingi-lo para ver até onde o conseguia levar... Para ver até que o fazia suplicar por mim, para testar os próprios limites. - Dito isto calou-se e adormeceu. José sorriu, também sentira-se atraído por ela, mas não conseguia simplesmente deixar-se levar. Não, não conseguiria fazer isso a Catarina e não conseguia fazer isso a Isabel, iria magoá-las e iriam sentir-se traídas e por isso não podia ceder, tinha de ser mais forte, mas era apenas humano, conseguiria resistir por muito mais tempo ou seria melhor ser franco com ela? Amanhã pensaria nisso, era o mais certo. Deu-lhe um beijo na testa e tentou arranjar uma posição confortável para dormir, o que se revelou uma situação complicada.

(No dia a seguir de manhã)

Yeah, you can be the greatest (Yeah, podes ser o maior)
You can be the best (Podes ser o melhor)
You can be the King Kong banging on your chest (Podes ter o King Kong a bater no teu peito)
You can beat the world (Podes vencer o mundo)
You can beat the war (Podes vencer a guerra)
You can talk to God, go banging on his door (Podes falar com Deus, batendo-lhe à porta)
You can throw your hands up (Podes erguer as mãos)
You can beat the clock (yeah) (Podes vencer o relógio (yeah) )
You can move a mountain (Podes mover uma montanha)
You can break rocks (Podes mover uma montanha)
You can be a master (Podes ser o chefe)
Don't wait for luck (Não esperes pela sorte)
Dedicate yourself and you gon' find yourself (Dedica-te e irás reencontrar-te)
Standing in the hall of fame (yeah) (Sentando no hall da fama)
And the world's gonna know your name (yeah) (E o mundo saberá o teu nome)
'Cause you burn with the brightest flame (yeah) (Porque o teu fogo será a chama mais ardente)
And the world's gonna know your name (yeah) (E o mundo saberá o teu nome)
And you'll be on the walls of the hall of fame (E vais estar na parede do hall da fama)
You can go the distance (Podes correr uma distância)
You can run the mile (Podes correr uma milha)
You can walk straight through hell with a smile (Podes passar um inferno apenas com um sorriso)
You can be the hero (Podes ser um herói)
You can get the gold (Podes vencer o ouro)
Breaking all the records they thought never could be broke (Bater recordes que pensaram nunca serem quebrados)
-Desliga-me essa porcaria senão dou cabo de ti!
Era rara a altura em que José não estava bem-disposto e acordara igualmente e mal ouvira as palavras de Isabel sorriu, e até pela posição que ela tinha na cama, estava já com a cabeça junto aos pés dele. O rapaz desligou o despertador e aproximou-se dela, que se assustou com a mão dele no seu cabelo.
-Que susto! - Gritou sentando-se na cama. - Que se passou entre nós? - Colocou as mãos na cabeça. - Que puta de dor de cabeça!
-Bom dia! - Exclamou sorrindo-lhe. - Não te lembras?
-Se me lembrasse achas que te teria perguntado? E fala mais baixo, parece que a minha cabeça vai rebentar.
-Eu avisei-te para beberes menos!
-Mas levaste-me para a cama na mesma!
-Não é nada disso que estás a pensar!
-Tu estás de boxers, e eu com a tua t-shirt vestida, senão se passou nada do óbvio, o que se passou então?
-Tu bebeste demasiado e depois adormeceste aqui e eu não consegui deixar-te sozinha no quarto com uma festa lá fora!
-Já sei tomar conta de mim sozinha e senão soubesse a minha irmã ajudava-me, e tomaste tão bem conta de mim que me violaste!
-Não sabias da tua irmã quando te encontrei já bebida, o Iker disse-me que foi apanhar ar e estava a demorar! E não, não te violei, tu querias levar-me para a cama e tu despiste-te quando tentavas adormeceste e eu não te ia deixar em roupa interior como deves imaginar!
-Provavelmente a minha irmã estava há 5 minutos na rua que o Iker já dizia que era muito tempo.
-Isso é tudo amor pelo teu cunhado?
-Ele não é meu cunhado. - Reclamou revoltada. - E nunca será, nem que vá ao casamento e diga que estou contra aquilo e não se vai realizar!
-Mas ele é assim tão rude?
-Não queiras nem saber... E olha eu devia estar mesmo muito, mas muito bebida para te querer levar para a cama, não és de todo o meu estilo, aliás nunca iria para a cama contigo, és muito menino e betinho para mim!
-Menino? - Disse sorrindo e aproximou-se dela. - Não foi isso que disseste ontem!

-Estava bêbada, nunca te ensinaram que aos olhos de um bêbado as coisas e as pessoas parecem muito mais bonitos?!
-Estavas tão bebada que estás a falar normalmente comigo e devias ter uma dor de cabeça e mal com o que bebeste!
-Existe muitos tipos de ressacas e dos efeitos nas pessoas.
-Está bem, está. - Respondeu secamente. - Queres ir ver da tua irmã ou achas que é só exagero do namorado dela que por sua vez não é teu cunhado?
-Só existe uma maneira de saber! - Pegou na chave do quarto e abriu-a, procuraram pela casa toda e nem sinal dela... E Iker também não estava mas nem tinham deixado recado em nenhum lado, nem mensagens, nem chamadas, nada.
-Estou bastante preocupada com a minha irmã... Não é dela fazer isto.
-E se fosses tu, era normal? - Perguntou provocando-a.
-Não faças perguntas das quais não queres saber as respostas.
-Que misteriosa! - Disse provocando-a.
-Deves em quando fico a dormir em casa de um rapaz e ela é que me encobre dos meus pais.
-De pessoas amigas?
-Não sejas tão inocente, José!
Ele engoliu em seco mas Isabel ia para a cama com rapazes diferentes assim tantas vezes? Assustou-se com a ideia.
-Não te finjas de chocado, nem a minha mãe reagiu assim! - Dito isto calou-se e ressentiu-se, ele rapidamente entendeu que algo não estava bem.
-Que se passou? Podes desabafar comigo, sou cabeça no ar, rapidamente me esqueço!
-Sempre fui muito irrequieta e dona da minha independência, sempre fui um “bicho do mato” como tantas vezes ouvi e agora que cheguei à maioridade quero sair daqui... Quero ir viver para longe, quero sair de casa dos meus pais, quero aproveitar a minha vida... Mas e se sair para onde vou? O que faço? Não vou dormir para a rua!
-Não vais dormir para a rua, nem vais passar mal, Isabel. Apesar de termos feitios muito diferentes e pontos de vista radicais sobre como viver a vida e forma de pensar, somos amigos, ou o que quer que sejamos e eu vou estar ao teu lado para te apoiar e para te ajudar, nos bons e nos maus momentos, inclusivé quando acordas mal disposta e a berrar comigo por causa do despertador ou a insinuar que te violei, se alguma vez formos para a cama será por vontade dos dois.

-Isso não irá acontecer... És completamente diferente de todos os rapazes com quem já dormi e eu simplesmente não quero dormir contigo, tens demasiado ar de menino para te levar por esses caminhos, tens quase ar de meu filho e eu prefiro homens, homens de feições duras e barba, homens que se pareçam mesmo homens e além do mais já fui para a cama com demasiados jogadores, e do Valência!
-Já foste para a cama com colegas meus? Deves estar a brincar!
-José, eu perdi a virgindade com um colega teu.
-Tu só podes estar a brincar!
-Garanto-te que não!
-Então diz-me quem foi.
-Isso querias tu saber. - Provocou-o. - Não te vou dizer José, nem isso nem cooperar com uma possível ida para a cama contigo!
-Mas sou assim tão fora do teu estilo de rapaz?
-Sim... Acredita que sim.
-Mas tenho de dizer-te que eu também não iria para a cama contigo, sou demasiado para ti!
-Vai sonhando! - Disse respondendo-lhe. - Não me digas que ontem quando me viste em lingerie, ainda por cima, com a que tinha vestido, não pensaste nem por um milésimo de segundo. - Aproximou os lábios do ouvido dele. - Fazer-me tua?
Ele arrepiou-se por completo e ela sorriu. - Não precisas de responder, o teu corpo já o fez. - Afastou-se dele e sorriu, mas José aproximou-se dela novamente e apanhou-a de surpresa, ela deixou-se surpreender e foram contra a parede entre beijos, o momento tornava-se quente e cada vez mais quente, ele colocou as mãos sobre a camisola dela e que bem que lhes sabia... Ele despiu-lhe a camisola e ficaram de igual para igual, José afastou-se dela e sorriu.
-Obrigada pela camisa, não podia sair de casa sem ela. - Isabel ficou furiosa mas sorriu, era a vingança ideal. Abriu a porta e foi embora mas não sem antes dizer. - Estou cá para o almoço, meu amor!


Será que Isabel lhe vai preparar alguma partida?
Será que ele vai aparecer para o almoço? Como será o futuro desta relação?