(Catarina)
-Claro avó! - Chegou à beira
da piscina e deu um beijo na testa de João. - Não saias daqui que eu já
volto!
-Havia de sair para onde, meu amor? - Ela sorriu e
seguiu a avó até à cozinha.
-Quem era aquele rapazinho que estava
contigo, filha
-Estás preparada para que te conte tudo,
avó? Vais ficar surpreendida.
-Deixa-me só chamar os teus primos que
estão na sala e avisá-los que já podem vestir os fatos de banho e ir para a
piscina. O teu rapazinho não se importa, pois não?
-Ele vai ter um pouco de dificuldade na língua,
mas safa-se, e tenho a certeza que não se importa!
-Juan? Javier? - Chamou a avó
da porta da cozinha. - Vistam os fatos de banho e ponham as boias e já podem
ir para a piscina, mas não chateiem em demasia o rapaz que lá está! -
Sentou-se juntamente com a neta nas cadeiras junto à mesa da cozinha. -
Podes começar a falar.
-Primeiro que tudo, ele chama-se João e
tem 20 anos e sim, é português. - Sorriu. - É um amigo, mas não é mais do que
isso, porque eu pedi para irmos com calma. Conheci-o ontem, nos anos da Isabel,
eles são vizinhos e foi logo atração à primeira vista, ou foi algo mais, sei
que gosto muito dele, mas não é como amigo, mas ainda não sei o suficiente para
namorarmos, por isso vamos desfrutar de nos conhecermos, e ver no que vai dar.
Até pode não ser nada, o que não acredito, mas ele é especial para mim. E sei
que devia ter vindo ver quando viemos, mas não sabia como te apresentar... O
João.
-Não achas que estás a ir rápido? Tu não
o conheces o suficiente para saberes se o que ele diz é verdadeiro ou não.
-Avó, só o conheci ontem, mas acredita
que com os momentos que passamos, eu percebi que eram realmente verdadeiros. E
percebi que o destino nos manda sinais, eu simplesmente li-os. Ele perdeu a
mãe, eu perdi o pai, nascemos exatamente no mesmo dia, mas com dois anos de
diferença, temos irmãos mais novos e sabes? Eu cantei para ele, eu nunca tinha
cantado a ninguém que não fosse da minha família. Somos dois portugueses que se
cruzaram em Valência, não achas que é demasiada coincidência? Para mim é um
sinal.
-E o José? Como é que ficam no meio
disto?
-Ficamos como estávamos, foi apenas e só
uma aventura, avó.
-E se ele se deixou "encantar"
por ti?
-Terei uma conversa com ele e direi que o
meu coração está ocupado.
-Se tu achas que é o melhor para ti, tens
o meu apoio, mas para a próxima trá-lo primeiro nem que seja para o
cumprimentar, pode ser? - Fez uma pequena festa na face da neta e deu-lhe um
beijo na testa.
-Está prometido. Mas avó, tenho uma coisa
para te dizer... Ele joga no Valência.
-Mas tu só conheces rapazes que jogam no
Valência?
-E o ex-namorado da Isabel é colega de
equipa deles.
-O rapaz que mudou drasticamente a tua
prima?
-Sim, o André. Ele não teve culpa de
nada, avó, confia em mim. Foi uma forma dela reagir à dor.
-Tenho de lhe agradecer porque a fez
"soltar-se," mas não precisava de ser tanto.
-Ele não ia reconhecê-la se a visse
agora.
-Isso sei eu! - Riu-se a avó.
- O teu avô tem muito orgulho em vocês, mas ainda não percebeu porque é que
ela está assim.
-Ela não está assim, ela agora é assim,
avó, e nós temos de aceitar se é assim que ela é feliz.
-Eu sei filha, mas custa-me pensar na
quantidade de homens que ela já ... - Hesitou com as palavras.
-Ela tem cabeça, avó. Ela sabe com quem
se envolve e protege-se. Está simplesmente a aproveitar a vida, vais ver que
qualquer dia aparece-lhe um rapaz que a deixa apaixonada e ela acalma este lado
mais selvagem!
-Ela podia ser mais como a Alma, está com
o Iker à imenso tempo e são tão novos!
-Sabes que a Isabel odeia o Iker, não
sabes? Não sei porquê, mas odeia.
-Eu sei, mas a tua prima Alma gosta dele
e é o que mais importa.
-Sem dúvida! - Sorriram. -
Vou apresentar-te ao João, avó.
-Diverte-te com ele e com os teus primos
na piscina, eu vou preparar um lanche para todos e já vos chamo!
-Está bem!
Catarina saiu
da cozinha e foi para junto da piscina onde os primos se divertiam a atirar
para a piscina e João aproveitava para os ver, mas dentro de água.
-Voltei, piolhos! - Juan, o gémeo
que estava fora de água, correu até junto da prima e abraçou-lhe as pernas.
-Prima! - Ela pegou-lhe
ao colo e deu-lhe um beijo. - Quem é este rapaz? É teu namorado?
-É... Mais ou menos. - Como iria
explicar a uma criança de 6 anos o que João era para si?! -Vamos para dentro
de água para junto deles?
-Sim! Vê a bomba que mando para a água! - Saiu do colo
da prima e foi até à beira da piscina onde se atirou com força. De seguida
nadou até junto de João onde se agarrou ao braço esquerdo, porque no direito já
estava o irmão.
-Estás à espera de quê para entrar,
princesa?
Catarina corou
e ao contrário deles entrou devagar pelas escadas da piscina e nadou até junto
deles.
-O meu beijo, Javier?
O gémeo nadou
até aos braços da prima e deu-lhe um beijo na bochecha. - Quem é este rapaz,
prima? Ele fala uma coisa esquisita!
-Este rapaz vem da minha terra, de
Portugal, e lá falamos português, e ele ainda não fala bem a nossa língua.
-Tu falas a língua dele?
-Sim, nós os dois falamos na nossa
língua.
-E vocês são amigos?
-Mais ou menos. Daqui a uns tempos, a
prima explica, pode ser? Mas quero que sejam simpáticos com o João, sim?
-Que nome estranho é esse, prima? - Perguntou
Javier.
-É um nome da nossa terra. Podem-lhe
chamar Cancelo, sim?
-Está bem. - Responderam
os gémeos em coro. Os meninos saíram dos braços do "casal" e
decidiram nadar pela piscina.
-Eu até entendo o que dizem, mas não sei
falar muito e atrapalho-me todo.
-Não te preocupes, eu disse que eras da
minha terra e eles perceberam perfeitamente! Eles ficaram foi confusos com o
teu nome, se te chamarem Cancelo, tu olha, por favor!
-No balneário também me tratam assim,
descansa amor! - Aproximou-se dela numa tentativa de a beijar, mas
ela afastou-se.
-Ainda não o vamos fazer em frente da
minha família, sim?
-Sim, tens razão, desculpa.
-Sem problema! Como correu a conversa com
a tua avó?
-Bem. -
Foi curta e breve, o que deixou o rapaz ainda mais em suspense.
-Define bem.
-Disse-lhe a verdade e ela reagiu como
era previsível.
-Para de me deixar em suspense, por
favor!
-Tinha medo que não estivesses realmente
a ser sincero comigo e que pudesses estar a enganar-me, mas eu disse que não, e
expliquei-lhe que não. Tu já me provaste demasiado, um dia chegou, João. -
Fez-lhe uma festa na face.
-E ela não quis vir conhecer-me?
-Um rapaz conquista-se pelo estômago,
nunca ouviste dizer?
-Sim, não me digas que a tua avó é
daquele estilo de avós que acha que estamos sempre magrinhos e que devíamos
comer mais!
-Para a minha avó, esses abdominais é
sinal que precisas de comer. -
Pousou a mão direita na zona abdominal dele e a esquerda sobre o esquerdo.
-Não tens medo que a tua avó apareça de
repente?
-E se aparecer? Estou a provocar-te? Além
do mais, ela sabe que já não tenho esse tipo de “virtude”.
-Tu tens esse à vontade com a tua avó? É
tão estranho... Não deixa de ser tua avó.
-A minha avó é muito jovem de espírito, é
uma amiga minha, só que é minha avó. Já o meu avô é meu amigo, mas não teria
esse tipo de à vontade, e ele trabalha imenso...
-Trabalha onde? Também gostava de o
conhecer.
-É diretor financeiro... No teu clube. - João abriu os olhos surpreendido.
Tinha-se apaixonado pela neta do diretor financeiro do Valência? O mundo tinha
mesmo a capacidade de ser pequeno. - Mas está descansado que ele ficará
muito orgulho de ser tua, vá, mais que amiga.
-Tens a certeza que ele não me vai querer
fazer a vida negra?
-Absoluta. Confia em mim. - Sorriu-lhe e deu-lhe um beijinho na
ponta do nariz. - Vamos fazer bombas com os meninos?
-Reviver os meus tempos de infância.
-Até em crescido, se faz isto João!
-Nos meus tempos de crescido, porque tu
não ficaste muito alta, minha pequena! -
Deu-lhe um beijo na ponta da testa e fugiu de seguida dela e foi até à beira da
piscina, para juntos dos pequenos.
-Agora desenrasca-te a falar com os
meninos, que aqui a pequena, não te ajuda!
-Não preciso de ajuda, queres ver? - Olhou para os meninos. - Juan?
Javier? La bomba? Très, dois, un. - Dito isto saltaram para dentro de água
em simultâneo e nadaram todos até junto de Catarina. - Quem não se safava
amor meu?
-Juan! Javier! - Chamou a avó da janela da cozinha. -
Catarina! João? Têm 5 minutos para estar na mesa! E quero-vos secos! -
Deram todos um último mergulho e foram até às toalhas onde se deitaram um pouco
ao sol.
-Se a tua avó quiser falar comigo, podes
ficar ao meu lado? Para me ajudares a falar... E até se tiver dúvidas a
perceber.
-A minha avó sabe falar e entende
português, aprendeu antes de vir para cá.
-Mas eu prefiro que fiques ao pé de mim,
pode ser?
-Queres é ver o meu castelhano em ação!
-Já vi com os teus primos! - Sorriu-lhe. - Passa a toalha pelo
corpo do Juan, enquanto eu passo pelo do Javier!
-É o Javier que está do meu lado!
-Dá-me tempo para deixar de os baralhar!
-O Javier tem um pequeno sinal junto ao
lábio, mas muito discreto.
-Vou decorar isso! E o Juan é mais
irrequieto!
-Decorei! - Sorriu divertido. - Já limpaste o
pestinha?
-Claro que sim.
Vestiram as roupas juntamente com os
gémeos e foram lanchar, onde acabaram por se divertir bastante principalmente
devido à falta de línguas em comum. Depois despediram-se e foram até ao carro:
-E agora queres ir onde?
-É oficial tenho de levar algumas roupas
minhas para tua casa, para ficar mais confortável!
-E porque não te mudas para lá? Era mais
fácil para a minha adaptação.
-É tão cedo, João. - Disse ela com um tom calmo. -
Prometo que quando namorarmos e depois de nos conhecermos melhor, vou pensar,
sim?
-Sei que era ir rápido, mas era mais
fácil para mim ter-te por perto por causa da língua, para a minha adaptação.
-E era só por causa da adaptação a uma
nova língua ou ao país, ou porque me queres por perto também?
-Também te quero por perto também, claro.
- Passou-lhe a mão pela
face e deu-lhe um beijo na testa. -E como é que sei que é o momento certo
para te pedir em namoro?
-Vais perceber quando o momento certo
chegar.
-E agora é o momento certo de irmos até
onde? Fazer o quê?
-Que achas de tomarmos um duche e depois
irmos jantar fora? Conhecer a cidade que afinal nos apresentou.
-A cidade que Portugal não tem.
-Sim. Esta cidade é em parte minha, mas
eu sinto como se não fosse. É difícil de explicar, não deves entender.
-Claro que entendo! - Respondeu ele. - Eu sou uma parte
lisboeta e por outra parte não sou.
-Mas Valência tem um brilho e um encanto
único. Faz-me sentir completamente especial!
-Valência faz-me sentir diferente, mas és
tu que me faz sentir feliz! -
Deram um beijo sentido e especial.
-Vamos para minha casa? - Respondeu ela.
-Sim.
João conduziu até casa dela, e Catarina
olhava para todos os locais e sorria ao pensar o quanto se sentia feliz naquela
cidade com aquele rapaz. Ele estacionou o carro e subiram até ao prédio dela.
-Fica aí um bocadinho a ver televisão
enquanto eu vou só tomar um banho rápido para tirar o cloro do corpo.
-Quando dizes um banho rápido é mesmo
rápido ou é daqueles que demora?
-É provável que demore um bocadinho,
ainda. Não te importas de esperar?
-Tenho outro remédio?
-Não te importas mesmo?
-Toma o teu banho descansada, vai. - Sorriu-lhe e Catarina saiu da área
comum e foi até à casa de banho. - Espero que não te importes, mas vou ligar
a música.
-Estás à vontade, meu amor.
Damn,
you look so good with your clothes on (Caramba,
estás tão linda com as roupas vestidas)
And
I'm not trying to come off too strong (E eu não estou a tentar forçar a barra)
But
you know that I can't help it (Mas tu sabes que eu posso
ajudar-te)
Cause
girl you're beautiful (Porque, rapariga, tu és
bonita)
I
can't deny I want your body (Não consigo negar que quero o
teu corpo)
But
I'm a gentleman (Mas sou um cavalheiro)
So
I'll be the one who take slowly (Então serei eu quem vai
devagar)
Cause
girl you're so beautiful (Porque, rapariga, tu és
bonita)
I
wanna love you with the lights on (Eu quero amar-te com as luzes
ligadas)
Keep
you up all night long (Manter-te acordada a noite
toda)
Darling
I wanna see every inch of you (Querida, quero ver cada
centímetro de ti)
I
get lost on the way you move (Eu perco-me na forma como te
mexes)
I
like the vibe in this hotel room (Eu gosto da vibração neste
quarto de hotel)
I'd
really like to get to know you (Eu realmente gostava de
conhecer-te)
It's
like discovering a secret (Descobrir um segredo)
Underneath
these heavy sheets (Sobre estes lençóis pesados)
Your
skin's so perfect up against me (A tua pele é perfeita contra
a minha)
Your
lips are talking when we don't speak (Os teus lábios mexem-se
quando não falamos)
And
I never wanna let this go (E eu não quero largar isso)
Cause
there's so much left to see (Porque ainda há muito para
ver)
(…)
Depois de tomar banho, saiu da casa de banho e só
aí se recordou que se havia esquecido de um pequeno pormenor, no mínimo,
importante. Ela iria despir-se e vestir-se ali? À frente de João?
-A música era uma provocação
para mim, Catarina?
-Uma provocação? - Perguntou equivocada. Nem se recordava da música que tinha
ouvido. - Mas qual música?
-Shawn Mendes, Lights On.
-O que achas? - Mordeu o lábio claramente provocando e ele sabia bem disso,
sorriu-lhe e começou a aproximar-se dela com os olhos focados em si e na toalha
que cobria o corpo, sabia o que de ali poderia vir e não tinha medo, ela também
o queria, mas não sabia exprimir-se, talvez até o seu subconsciente o havia
feito, sem ela dar conta. Quando estava já frente a frente com ela, parou.
-Tens a certeza?
-Chegou o momento certo. - Respondeu convicta.
Como
correrá a primeira vez dos dois?
Será
que vai mudar algo na relação dos dois? Como será o futuro?
Será que é desta? E quando será o momento
certo para começarem a namorar?