-É
do José, avô. -
Os avôs e a prima olharam para ela com uma incógnita presente. -
Fomos tomar um café ontem e ele é muito distraído, por isso
tirei-lhe a carteira, estou à espera que ele dê pela falta dela
para lha dar.
-Mas
o rapaz é assim tão distraído? -
Disse a avó tentando mudar o ambiente da conversa, animando-o.
-Sim,
acreditas que nos conhecemos no Mestalla porque eu andava à
descoberta e ele foi ao balneário buscar a carteira ao balneário
que se tinha esquecido dela e chocamos um contra o outro, e foi assim
que nos conhecemos. Ainda ontem fomos beber café e decidi tirar-lhe
a carteira porque ele insiste sempre em pagar e aproveitei quando ele
estava distraído e tirei-lhe a carteira, com esperança que ele
desse pela falta do dinheiro ao pagar, mas ele tinha moedas nos
bolsos e pagou.
-E
quando tencionas devolver-lhe a carteira a esse parvalhão?
-ISABEL!
-
Reclamou a avó. -
Que é que o rapaz te fez para falares tanto mal dele?
-Nada
avó, simplesmente ele enerva-me apenas por existir!
-Quanto
mais me bates mais eu gosto de ti! -
Disseram em coro, a avó Maria e a neta Catarina.
-Aquele
rapaz saiu-me melhor que a encomenda. -
Confidenciou o avô. -
Cá para mim, conquistou o coração das minhas netas mais velhas,
mesmo debaixo do meu nariz e eu nem dei por nada!
-Nem
pensar nisso avó, impossível! -
Responderam Isabel e Catarina em coro.
-Afinal
o que nos preparaste para o jantar, meu amor?
-Carne
de porco à alentejana! -
Disse em português. -
Não tive tempo de pôr a mesa, desculpem.
A
avó colocou o pano sobre a bancada da cozinha, mas Catarina não o
queria e acabou por involuntariamente dizer:
-Na
bancada não... -
Disse ligeiramente mais alto. -
Por favor. Jantávamos muito apertados. Ponham a mesa por favor, que
já vos vou ajudar, deixem-me só ver do jantar. -
A avó olhou para ela como que perguntando o porquê, e Catarina
apenas com a boca expressou que depois lhe explicaria, sem emitir
nenhum som, não queria que o avô e a prima entendessem o que se
passara, ou que havia algo mais.
Depois
de colocarem a mesa, sentaram-se todos e Catarina serviu o jantar,
como todos tinham tido um dia extremamente cansativo, foi num
instante que jantaram e falaram sobre tudo um pouco. Até sobre a
comida tipicamente portuguesa.
-Queres
ficar cá a dormir hoje, Isabel? Estou a precisar de ir comprar roupa
e ir conhecer a minha faculdade, podíamos aproveitar e ir amanhã.
-Não
preferes ir dormir a casa dos avôs, ou até a minha casa? Nem sequer
trouxe roupa!
-As
minhas roupas servem-te para amanhã perfeitamente, faz-me lá esse
favor priminha!
-Está
bem eu fico, mas dormes no sofá!
-Dormimos
as duas na minha cama e não se fala mais nisso.
-E
nada de me pregares partidas, principalmente que envolvem o teu amigo
José! -
O avô de ambas olhou furioso e a avó sorriu. -
Escusas de fazer esse olhar enfurecido avô, eu não gosto dele, por
muito que ele dê uns bons toques na bola, ainda para mais no
Valência!
-E
nem penses em olhar para mim avô, eu até dou uns toques na bola e
percebo de futebol!
-Vamos
lá deixar as miúdas em paz, Pablo, elas precisam de descansar!
Amanhã vão pelo menos almoçar connosco?
-Está
combinado, avó! Que acharam da minha carne de porco à alentejana?
-Maravilhosa!
-
Respondeu Isabel. -
Tens de fazer mais vezes aqui para a tua prima preferida!
Sorriram
e conversaram durante mais alguns minutos, depois Pablo e Maria foram
para sua casa e Catarina e Isabel conversaram durante mais algum
tempo e foram deitar-se e descansar, estavam cansados do dia de praia
que tiveram.
-Prima,
diz-me a verdade, não se passou mesmo nada com o José, nem sentes
nada por ele? -
Catarina parou para pensar durante uns segundos, ou lhe contava por
completo a verdade sobre o envolvimento com ele, ou ocultava-lhe
alguns pormenores.
-Acredita
em mim prima, eu não sinto nada por ele. Somos amigos, apenas isso.
-Está
bem, eu acredito, apenas senti alguma química entre vocês e pensava
que poderia ter havido alguma coisa, nem que seja um beijo.
-Pois,
acredita em mim, eu e o José somos amigos.
-Eu
acredito em ti prima, mas agora vamos descansar que amanhã temos um
dia longo e cansativo pela frente.
-Não
é amanhã a tua festa de aniversário?
-Sim,
por isso vamos de manhã às compras que preciso de roupa, depois a
Camila vai almoçar connosco a casa da avó e vai contigo ver da tua
faculdade, não te importas?
-Não
posso ir só jantar com vocês e depois volto para casa?
-Não,
vais fazer um esforço para socializar com valencianos e para fazeres
amigos novos.
-Que
chata que me saíste, a sério! Eu vou, mas fica ciente que vou
contrariada!
-Mas
pelo menos vais, beijinho e boa noite!
-Boa
noite. -
Cada uma virou-se para o outro lado e adormeceram.
“Como
é que estás? Tira esse ar de desprezo
Eu vi-te a olhar para mim eu nem olhei estou ileso, foste tu
Miúda não mintas. Mas também não foste a única por isso acredita
O que é que eu quero? Nada que não queiras.
Hoje sou só eu e tu de qualquer das maneiras
E não olhes para o lado com esse ar superior
Com a mania que és difícil quando queres é calor.
Não sejas cínica e negues que a nossa química impede
Que isto seja mais do que breve, quando tu és tímida e queres
E eu não olho para mais ninguém, esta noite estou cego
E eu penso cá para mim 'ai, ai se eu te pego'
E eu não nego nem renego a atitude galã
Se te posso ter hoje porquê esperar por amanhã?
Então tu sabes ou ficas já a saber, se esta noite quiseres
Já somos dois a querer
Eu já olhei e ela Quer Quer Quer
Até já disse à amiga eu faço o que ele quiser
Eu não pensei, não tirei o olhar, não hesitei
Tirei-te o fôlego num segundo como só eu sei
E se tu pensas não vai Dar Dar Dar
Eu estou aqui para isso mesmo, eu vou-te mostrar.
Que não importa, neste mundo hoje somos dois
E as tuas hesitações que fiquem para depois”
Eu vi-te a olhar para mim eu nem olhei estou ileso, foste tu
Miúda não mintas. Mas também não foste a única por isso acredita
O que é que eu quero? Nada que não queiras.
Hoje sou só eu e tu de qualquer das maneiras
E não olhes para o lado com esse ar superior
Com a mania que és difícil quando queres é calor.
Não sejas cínica e negues que a nossa química impede
Que isto seja mais do que breve, quando tu és tímida e queres
E eu não olho para mais ninguém, esta noite estou cego
E eu penso cá para mim 'ai, ai se eu te pego'
E eu não nego nem renego a atitude galã
Se te posso ter hoje porquê esperar por amanhã?
Então tu sabes ou ficas já a saber, se esta noite quiseres
Já somos dois a querer
Eu já olhei e ela Quer Quer Quer
Até já disse à amiga eu faço o que ele quiser
Eu não pensei, não tirei o olhar, não hesitei
Tirei-te o fôlego num segundo como só eu sei
E se tu pensas não vai Dar Dar Dar
Eu estou aqui para isso mesmo, eu vou-te mostrar.
Que não importa, neste mundo hoje somos dois
E as tuas hesitações que fiquem para depois”
-Desliga-me
essa porcaria, Catarina!
-Bom
dia priminha!
-Como
é possível acordares com tão bom despertar? E depois de ouvires
uma música portuguesa?
-O
meu despertador muda todos os dias, hoje calhou ser em português.
-Acho
que deveria ser sempre Pablo Alborán, haveria melhor despertar do
que ao lado daquele senhor?!
-Feliz
aniversário, meu amor! -
Deu-lhe um abraço forte e um beijinho. -
Pensavas que me tinha esquecido do teu aniversário? Nem pensar
nisso! Logo à tarde vou comprar-te uma prendinha e dou-te logo à
noite!
-Obrigada,
portuguesa! -
Deu-lhe um beijinho na bochecha. -
Não precisas de me dar nada, estamos juntas no meu dia de anos, é a
melhor prenda que me podias ter dado!
-Obrigada!
E como sou boa pessoa vou-te deixar tomar banho primeiro!
-Nem
eu te dava hipóteses de não o ser! -
Dito isto levantou-se e foi em direção à casa de banho. Catarina
pegou no telemóvel e deparou-se com uma mensagem de José:
“Bom
dia portuguesa gata!
Ontem
deixei a carteira em tua casa não deixei? Espero não ter arranjado
problemas com os teus avôs por causa disso! Arranjas-me o número da
tua prima se faz favor? Queria dar os parabéns ao monstrinho que é
a Lola! Beijinhos”
Depois de ler a
mensagem acabou por responder:
“Bom
dia valenciano gatão!
Deixaste
sim, mas não te preocupes que inventei uma desculpa boa o suficiente
para não desconfiarem de nada! Arranjo sim, mas tens de prometer que
pelo menos tentas ser simpático com ela! *********, aqui está, se
ela perguntar, não fui eu que te dei. Beijinhos e até logo!”
“Até
logo? Estás indiretamente a convidar-me para sair hoje?”
“Não
vais ao jantar de aniversário da Isabel?”
“Não
posso... Desculpa! Beijinhos :) “
“Beijinhos
espanhol ;) “
-Para
quem é esse sorrisinho, Catarina? Deixa-me adivinhar o outro
mandou-te uma mensagem.
-Por
acaso é verdade, mas foi para te desejar os parabéns e a pedir-me o
número, e eu não dei, claro.
-Acho
bem, não quero que esse sujeito tenha o meu número. -
Reclamou. -
Então vai lá tomar banho que ainda temos de comprar uma roupa para
eu estrear hoje e para usares logo à noite!
-Está
bem, estou a ir! -
Levantou-se da cama e foi até à casa de banho.
Depois
de tomar banho e de se vestirem foram às compras, onde ficaram toda
a manhã à procura de roupa, o vestido para Catarina e a roupa ideal
para Isabel estrear, mas acabaram por descobrir, e atrasarem-se para
o almoço, mas com o sentimento de dever cumprido. De seguida foram
almoçar à avó, onde encontraram a restante família e cantaram os
parabéns à mais recém maior de idade e logo depois teve de seguir
até sua casa para acabar os preparativos para o jantar. E Catarina
juntamente com Alma foi até à faculdade, onde assinou os papéis
que precisava de assinar e decidiu descobrir onde eram as salas e o
seu horário, o que acabou por não demorar muito até porque tinham
de se arranjar para o jantar. Quando saíram da faculdade foram até
casa de Catarina onde se iriam preparar para o jantar, quando
estivessem prontas, Iker iria buscá-las para seguirem para a festa.
-Alma,
tenho mesmo de ir? Sabes que não estou completamente confortável
com a língua.
-Já
disseste à Isabel que ias, além do mais sabes que ela vai gostar
que estejas lá, é o primeiro aniversário que estás presente. E
além do mais temos um vizinho português que vai lá jantar.
-Vocês
têm um vizinho português?
-Sim,
e é bem jeitoso pelo que vi.
-Esse
argumento do português é no mínimo... Engraçado.
-Então
vai-te lá despachar a vestir. Queres ajuda com o cabelo?
-Se
quiseres ajudar, eu agradecia.
-Já
sabes o que vais fazer?
-Sim,
vou esticá-lo e tu o que vais fazer?
-Vou
apenas apertar o cabelo.
Catarina
vestiu o seu vestido e cada vez gostava mais dele, aproximou-se da
sua prima que lhe colocou uma fita que tinha comprado e ficava bem
com o vestido na cabeça e admirou-se:
-Achas
que fico bem com o cabelo ao natural?
-Ficas
lindíssima assim, eu não mexia em nada mais.
-Vou
confiar no teu bom gosto. E tu o que queres fazer ao cabelo?
-Esticá-lo,
ou o que achas que lhe devo fazer?
-Estica-o.
Eu ajudo-te, tenho ali a máquina que ajuda a esticá-lo, mas
primeiro deixa-me tirar uma foto.
Colocou-se
em frente ao espelho e ergueu uma parte do vestido, de maneira a
parecer mais curto, tirou uma fotografia e enviou a José com a
seguinte legenda:
“Gostas?
Estou bonita?”
Ele não tardou a
responder:
“Tu
és bonita, e estás sempre bonita, mesmo depois do sexo com o cabelo
todo desengonçado! Mas sinceramente... Prefiro ver-te sem nada
vestido! ;) “
Catarina sorriu e
deixou-se ficar completamente corada, o que acabou por ser
reconhecido pela prima.
-Estás
tão corada e a rir-te do quê Catarina?
-É
o parvo do José, não ligues, e eu como não estava à espera.
-Mas
afinal o que é que ele te disse?
Ouviu-se a campainha
tocar e Catarina suspirou de alívio, estava safa pelo toque da
campainha, foi até à porta e abriu-o. Era Iker, que se sentou no
sofá e ficou à espera das raparigas para seguirem até à festa.
-Demoram
muito meninas?
-É
só esticar o cabelo à tua namorada, porque vestida já está,
demora pouco.
-Sempre
que uma rapariga diz que não demora muito é porque demora.
-Até
parece que já te fiz esperar muito por mim.
-Só
um bocadinho, não me posso queixar, que nem és das mulheres que
mais demoras.
-E
as princesas por acaso já se calaram e já estão prontas ou vão
fazer-me esperar mais?
-Já
estou pronta! -
Disse Alma depois de se olhar ao espelho pela última vez. -
Vamos?
-Estás
tão irresistível que nem sei se te resistirei toda a noite... -
Começou a aproximar-se de Alma e a tentar beijá-la.
-E
eu agradeço a partilha de informação mas dispenso do fundo do meu
coração, deixem o mel para mais logo por favor!
-Está
bem priminha, vamos lá que aposto que a Isabel já está à nossa
espera para o jantar.
-Eu
bem que me podia atrasar que o jantar não começava sem mim, ela
adora-me. -
Disse brincando com eles. -
Estou a brincar, ainda estamos dentro da hora mas é
melhor não nos
atrasarmos mais a sair de casa. Levas o carro, Iker?
-Sim,
assim podes beber à vontade e a Alma também, que eu trago o carro.
-Não
tenciono beber, podes ficar descansado e bebam vocês os dois.
-Não
digas isso duas vezes que eu aceito. -
Sorriram e foram ambos até ao carro.
Entraram no carro e
passado pouco menos de dez minutos chegaram ao destino...
Como correrá a
festa?
Será que José vai
surpreender as primas? Ou será que haverá outra surpresa?