(Catarina)
-O
mundo é mesmo pequeno. -
Disse ela. -
Eu e o André conhecemo-nos através de amigos em comum, quando ele
ainda estava no Benfica, e ele chegou a namorar com a Isabel, a minha
prima, sabes?
-Por
falar nisso, como é que ela está?
-Tu
não lhe disseste que vieste para cá, pois não?
-Não
sabia como lhe dizer... E tenho medo como ela reaja, afinal, já se
passou algum tempo.
-Não
a irias reconhecer se a visses, acredita. Sabes aquela rapariga muito
calma, muito tímida e introvertida? A Isabel tornou-se uma mulher
furacão!
-Calma...
A tua prima? A Isabel? -
Perguntou João admirado. -
Mais rapidamente jurava a pés juntos que ele estava a falar da tua
prima Alma, que da Isabel! Tens a certeza que não as estás a
confundir?
-Eu
nunca conheci a Alma, João. -
Sorriu. -
Mas a Isabel que conheci quase que pedia para falar.
-Não
acredito.
-Desde
que tu e ela acabaram que ela mudou radicalmente.
-Tu
namoraste com a Isabel? Mas ela parece-me aquelas pessoas super
independentes, mais prontas para uma aventura que para uma relação
estável, ainda ontem comentei isso com a Catarina.
-Vocês
namoraram muito tempo?
-Cerca
de 7 meses.
-Ainda
foi algum tempo...
-Sim,
ela foi passar o Verão em Lisboa e acabamos por nos conhecer,
apaixonamo-nos pouco depois e começamos a namorar, o Verão
entretanto acabou e ela teve de voltar para aqui, e ficamos até ao
Natal sem nos vermos, mas ela conseguiu ir a Lisboa e tivemos juntos,
mas as coisas já aí estavam tremidas, e dois meses depois acabamos
mesmo, porque simplesmente não aguentávamos a distância.
-E
não acabaram de forma pacífica?
-Acabamos,
mas é sempre difícil o fim das relações, eu passei bastante mal,
mas eu tive muito apoio e exteriorizei o que sentia e ela acredito
que também tenha passado mal, mas que sofreu em silêncio, porque
não é de expressar o que sente.
-Muito
em silêncio e isso acabou por mudá-la.
-Mas
vais-lhe dizer que estás cá? Senão o fizeres ela nunca te
perdoará.
-Daqui
a uns tempos digo-lhe, quero encontrar a forma certa de lhe dizer, ou
de fazer saber, até lá peço-vos que guardem segredo.
-Está
descansado, da nossa parte. -
Disseram os dois em coro.
-Vamos
almoçar a minha casa? -
Sugeriu em coro. -
Ou preferem ir comer a alguma das vossas?
-Eu
já tinha posto a mesa em casa do João, posso perfeitamente fazer o
almoço para três, mas primeiro têm de passar por minha casa para
trocar de roupa, vale?
-Vocês
dormiram...?
-Não
é esse dormir que estás a pensar.
-Não
dormimos que eu não quis! -
Disse ela brincando. -
Ele dormiu com os meus cabelos na boca!
-Mas
calma... Vocês estão juntos?
-Tu
não lhe explicaste?
-Não
ia explicar no balneário com aquelas velhas cuscas a ouvir e além
do mais, não sabia se querias partilhar com alguém.
-O
André é um amigo há anos!
-Então
vou-lhe explicar. -
Respirou fundo. -
Nós estamos a conhecer-nos melhor e vamos ver até onde vai dar,
mas com calma, para já ainda não vamos assumir nada.
-E
vocês só se conheceram ontem e já decidiram assim?
-Tu
e a Isabel também começaram a namorar pouco tempo depois de se
conhecerem, André!
-Sim,
eu sei, mas fiquei surpreendido, apenas isso.
-Jota,
podes passar por minha casa, por favor?
-Onde
é?
-Ao
lado do Mestalla. Não querem almoçar em minha casa? Não é muito
grande mas dá perfeitamente para todos.
-Tens
playstation? -
Perguntou André.
-Ainda
não.
-Vamos
para minha casa, então. -
Noticiou João.
O
rapaz conduziu até perto do estádio e depois parou junto ao prédio
da rapariga.
-Estaciona
o carro que vamos todos subir para conhecer a minha casinha.
O
rapaz aceitou e estacionou o carro, foram até casa de Catarina.
-A
casa não é muito grande mas dá perfeitamente para mim. Entrem e
sentem-se no sofá ou na cama, eu não demoro, vou só escolher a
roupa e vestir-me.
-É
melhor começarmos a preparar o almoço, João, sabes como são as
mulheres e a roupa.
-Até
parece! -
Abriu a mala onde estava a roupa. -
Além do mais, não tenho muita roupa aqui, está tudo em casa dos
meus avós, por isso estou limitada.
-Então
despacha-te que tens dois homens à tua espera!
Catarina
olhou para a mala e rapidamente escolheu o que vestir.
-Optei
por um vestido para ser mais rápido para as princesas não esperarem
muito. -
Apareceu e os rapazes levantaram-se e olharam para ela.
-Eu
se fosse a ti, punha-me a pau para os rapazes não a largarem.
-A
Catarina só tem olhos para mim, não é verdade? -
Deu-lhe a mão. -
-Sim,
claro que sim, mas não te importas que olhe só para o André? É
estranho falar com ele e não o olhar.
-Sempre
com classe, esta rapariga. -
Respondeu André. -
Não vale a pena argumentares, ficaste sem resposta, João.
-É
verdade, admito. Estiveste muito bem, parabéns! -
Deu-lhe um beijo na testa.
-Vamos,
meninas? -
Interrompeu Catarina.
Eles
acenaram com a cabeça e seguiram caminho até ao carro.
-Posso
levar o carro, Jota?
-Tens
carta?
-Desde
o meu dia de anos, na realidade. -
Deu-lhe um beijo na bochecha e tirou-lhe a chave da mão. -
Prometo que vou ter muito cuidado e sim, também gosto de ti! -
Entrou para o lugar do condutor, André para o lado do pendura e João
foi obrigado a sentar-se no banco de trás do carro.
-Sou
o dono do carro, e vou no banco de trás, qual é a lógica? -
Queixou-se.
-O
último a chegar perde a corrida sim?
-E
as senhoras são sempre as primeiras portanto. Além do mais, quem
conhece melhor esta cidade sou eu. -
Mandou-lhe um beijo com as suas mãos.
E
seguiram caminho até casa do João e Catarina agradeceu a si mesma
por não ter preparado um ambiente romântico e por ter feito algo
bastante simples. Não demorou até chegar a casa de João, afinal
também ela sabia acelerar e não tinha medo de o fazer, estacionou o
carro, embora com alguma dificuldade, era o seu ponto fraco, mas
acabou por conseguir com ajuda dos seus rapazes, depois foram para
casa de João. Catarina foi para a cozinha preparar o almoço e
colocar mais um prato na mesa, enquanto os rapazes se agarravam logo
à consola. Depois do almoço estar quase pronto , João apareceu de
surpresa na cozinha, sozinho.
-O
almoço está quase pronto, Jota. -
Disse enquanto mexia o arroz mais uma vez.
-Estava
com saudades tuas.
Catarina
ficou completamente rendida com o que ouvia, ele era sempre tão
espontâneo e romântico?!
-Mas
não me vias apenas há uns minutos.
-Sentia-te
tão perto e tão longe que quis matar saudades.
-Querias
era ver-me de avental! -
Insinuo ela brincando com ele. -
Mas tiveste azar porque nem o descobri!
João
parecia que ignorava o que ela dizia e só olhava para ela
completamente perdido e admirado com a beleza, única para os seus
olhos, daquela rapariga, aproximou-se dela e beijou-a com uma saudade
imensa que comandava o beijo, ou, melhor dizendo, os beijos porque
apenas davam segundos entre eles e o ritmo aumentava.
-João,
o comer. -
Ele ignorou-a e sentou-a sobre a bancada enquanto a beijava mais e
mais, ela retribui-a e começava também ela a desejar mais assim
como ele, até que foram interrompidos por uma voz que entrou na
cozinha.
-O
comer está pronto? -
João e Catarina pararam com a série de beijos e olharam para o
rapaz. -
Desculpem... Eu não sabia. -
A rapariga escondeu a cara entre as mãos e deixou que o seu
companheiro falasse.
-Não
ia passar nada do que estás a pensar. -
André olhou para ele com um ar de “podias ter inventado uma
desculpa melhor ou não?”- Na
verdade, estávamos só a matar saudades, apenas e só isso. Não se
ia passar mais nada.
-Se
quiserem que me vá embora, eu compreendo perfeitamente, a sério!
Catarina
olhou para o lado e percebeu que o arroz estava no pronto e saltou da
bancada a dizer:
-O
arroz está no ponto! -
Desligou o forno e foi até ao forno. -
Os panados também! Vamos para a mesa?
De
repente, nenhum deles disse nada mais e sentaram-se à mesa,
Catarina, sabia que era mais fácil fazer esquecer aquele momento
através de comida, afinal que forma mais fácil haveria de
conquistar rapazes? Foi buscar o jarro de água fresca e água
natural e colocou a mesa e serviu-os.
-Os
rapazes estavam com fome, não é verdade? -
Nenhum deles lhe respondeu ambos saboreavam o almoço. -
Já percebi que está bom.
-Desculpem.
-
Interrompeu o André. -
Mas eu não queria mesmo interromper! Eu é que estava com fome e
estava a sentir-me sozinho na sala, devia ter percebido que podiam
estar a fazer ou quase a fazer.
-Desculpa,
não te devia ter deixado sozinho, eu só vinha à cozinha dar um
beijo.
-As
saudades é que começaram a apertar mais e pronto, mas não ia
passar-se nada, o arroz estava no lume e os panados no forno, não
iam ficar sem almoço.
-Tu
já ias ser o almoço do João! -
Respondeu André animado.
-Achas
que íamos fazer alguma coisa contigo na mesma casa? Tão perto? -
Respondeu ela chocada.
-Se
o desejo apertasse. Além do mais, é um excelente líbido!
-André!
-
Respondeu, desta vez, João escandalizado. -
Eu não preciso de estimulantes, eu dou bem conta do recado sozinho!
-Nunca
te experimentei para ver isso! -
Disse Catarina brincando. -
Mas aposto que és excelente!
-O
tamanho não é tudo! -
Respondeu André. -
O que importa é se o sabe usar ou não!
-Sabes
que é estranho ouvir-te dizer isso, não sabes? -
Disse João. -
Ela é minha miúda, sim?
-Oh
puto, eu já tive a prima dela, não iria nunca andar com duas
primas, além do mais, ela é tua!
-Sim,
sim! E vocês parem de falar disto, é demasiado embaraçoso!
-Comam
mas é! -
Pediu Catarina. -
A experiência leva à perfeição e nós havemos de lá chegar, até
lá, fazemo-lo!
Pararam
com a conversa até porque perceberam que incomodava João e acabaram
de almoçar.
-Agora
o André lava a loiça enquanto nós vamos jogar na playstation.
-Mas
eu é que sou o convidado!
-É
só um jogo de aquecimento com a Catarina, André.
-E
tens a certeza que é só para a aqueceres para o jogo ou é outro
tipo de aquecimentos?!
-Pergunta
antes de entrar na sala! -
Avisou enquanto ambos saiam da cozinha mas claramente a brincar com
ele.
João
e Catarina sentaram-se no sofá e ligaram a consola.
-Aviso-te
já que sou a pior jogadora com quem alguma vez jogaste na tua vida.
-Podemos
sempre fazer a vontade ao André. -
Piscou-lhe o olho.
-Mas
tu tens assim tantas necessidades? -
Perguntou brincando com ele. -
Vais-me ensinar a jogar melhor isto, porque eu só jogava bem na PS2,
na 3, sou uma naba!
-Jogamos
os dois na mesma equipa para te dar algumas dicas!
-Está
bem!
-André,
depois deixa a loiça ao lado do lavatório para secar!
-E
tu ainda gozas! -
Respondeu ele da cozinha.
Passado
alguns minutos, André perguntou à saída da cozinha depois de sair
da cozinha.
-É
seguro entrar?
-Estou
a ensinar a Catarina a jogar!
-Que
tipo de jogo?
-Nenhum
pornográfico, é seguro! -
Respondeu animada.
Catarina, João e André jogaram
na PS3 durante 3 horas, depois a rapariga cansou-se e sugeriu:
-Que
achas de irmos fazer fotossíntese?
-Mas
eu sou alguma planta? -
Respondeu André.
-Podemos
ir à piscina daqui do prédio. -
Olhou para Catarina. -
Esqueci-me que não tens roupa para isso.
-Enganaste,
sou uma pessoa muito prevenida! -
Deu-lhe um curto beijo nos lábios. -
Está vestido!
-Vocês
fiquem por aqui que eu vou-me embora!
-Agora?
Não queres lanchar primeiro? Secalhar estás com fome.
-Eu
a pensar que tinha deixado a minha mãe em Portugal.
-Preocupo-me,
apenas isso.
-Está
descansada que tenho coisas combinadas e tenho mesmo de ir, beijo. -
Deu-lhe um beijo rápido na bochecha e um abraço rápido a João e
saiu sem mais nada dizer.
-Nós
não fizemos nada para o afugentar nas últimas horas.
-Secalhar
vai ter com alguma rapariga.
-Será
com a tua prima?
-Não
acredito, mas preferia que fosse agora porque ele ainda pode ser uma
pessoa interessante ou importante na futura história entre ela e o
Gayà.
-Não
acredito que ela já foi aquilo que vocês disseram.
-Acredita
que é verdade. -
Sorriu. -
E tu vais vestir o fato de banho ou queres que eu te dispa e te
vista?
-E
se eu quiser que tu me dispas? -
Sugeriu e piscou o olho. -
Estou a ir. -
Deu-lhe um beijo na testa e foi até ao quarto onde precisou apenas
de dois minutos para trocar de roupa e depois voltou para a sala. -
Que achas?
-Estás
bastante... Comestível.
-Davas-me
umas trincas?
-Trincas,
beijos, e outras coisas mas não vou dizer mais nada, vai vestir uma
t-shirt, se faz favor!
-Para
as outras raparigas não olharem para mim?
-Se
lhe quiseres chamar assim! -
Respondeu alto. -
É mais para eu não pecar. -
Respondeu bem baixinho para ele não ouvir.
Passado um minuto, voltou para a
sala e perguntou:
-Estás
pronta?
-Sempre
pronta.
Foram até à piscina do prédio
mas estavam lá um casal num clima bastante romântico e decidiram
não os interromper e foram-se embora.
-E
se?
-Se?
-Eu
conheço uma casa com piscina!
-Eu
também conheço casas com piscina mas nós não pudemos simplesmente
invadi-las só por causa da piscina!
-Confias
em mim?
-Claro!
-
Respondeu apertando a mão dela com força.
-Então
vamos. -
Ela foi com ele até às garagens e depois seguiram caminho até casa
dos avós dela, e ele estacionou o carro à porta e entraram na
vivenda com as chaves dela.
-De
quem é esta casa?
-Dos
meus avós.
-E
eles estão em casa?
-Provavelmente
a minha avó está, mas
vamos até à piscina e ela acabará por aparecer.
-Tens
a certeza? Ela pode ficar chateada.
-Sim,
é impossível a minha avó chatear-se comigo.
João apesar de ir
com algum receio acabou por aceitar o que ela dizia.
-Isso
quer dizer que vou conhecer pelo menos a tua avó.
-Sim,
mas não é nada formal, descansa.
-A
escolha é tua, Catarina.
Chegaram até às
traseiras e ele despiu logo a camisola e entrou logo para dentro da
piscina e ela aproveitou um momento de distração dele para o
fotografar.
A
avó apareceu junto à piscina e chamou:
-Filha?
Catarina? Posso falar contigo um momento?
O
que quererá a avó falar com a neta?
O
que dirá a neta sobre a sua “companhia”? Como será que ela
apresentará João?