quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Capítulo 16: “Estás bastante... Comestível.”



(Catarina)
-O mundo é mesmo pequeno. - Disse ela. - Eu e o André conhecemo-nos através de amigos em comum, quando ele ainda estava no Benfica, e ele chegou a namorar com a Isabel, a minha prima, sabes?
-Por falar nisso, como é que ela está?
-Tu não lhe disseste que vieste para cá, pois não?
-Não sabia como lhe dizer... E tenho medo como ela reaja, afinal, já se passou algum tempo.
-Não a irias reconhecer se a visses, acredita. Sabes aquela rapariga muito calma, muito tímida e introvertida? A Isabel tornou-se uma mulher furacão!
-Calma... A tua prima? A Isabel? - Perguntou João admirado. - Mais rapidamente jurava a pés juntos que ele estava a falar da tua prima Alma, que da Isabel! Tens a certeza que não as estás a confundir?
-Eu nunca conheci a Alma, João. - Sorriu. - Mas a Isabel que conheci quase que pedia para falar.
-Não acredito.
-Desde que tu e ela acabaram que ela mudou radicalmente.
-Tu namoraste com a Isabel? Mas ela parece-me aquelas pessoas super independentes, mais prontas para uma aventura que para uma relação estável, ainda ontem comentei isso com a Catarina.
-Vocês namoraram muito tempo?
-Cerca de 7 meses.
-Ainda foi algum tempo...

-Sim, ela foi passar o Verão em Lisboa e acabamos por nos conhecer, apaixonamo-nos pouco depois e começamos a namorar, o Verão entretanto acabou e ela teve de voltar para aqui, e ficamos até ao Natal sem nos vermos, mas ela conseguiu ir a Lisboa e tivemos juntos, mas as coisas já aí estavam tremidas, e dois meses depois acabamos mesmo, porque simplesmente não aguentávamos a distância.
-E não acabaram de forma pacífica?
-Acabamos, mas é sempre difícil o fim das relações, eu passei bastante mal, mas eu tive muito apoio e exteriorizei o que sentia e ela acredito que também tenha passado mal, mas que sofreu em silêncio, porque não é de expressar o que sente.
-Muito em silêncio e isso acabou por mudá-la.
-Mas vais-lhe dizer que estás cá? Senão o fizeres ela nunca te perdoará.
-Daqui a uns tempos digo-lhe, quero encontrar a forma certa de lhe dizer, ou de fazer saber, até lá peço-vos que guardem segredo.
-Está descansado, da nossa parte. - Disseram os dois em coro.
-Vamos almoçar a minha casa? - Sugeriu em coro. - Ou preferem ir comer a alguma das vossas?
-Eu já tinha posto a mesa em casa do João, posso perfeitamente fazer o almoço para três, mas primeiro têm de passar por minha casa para trocar de roupa, vale?
-Vocês dormiram...?
-Não é esse dormir que estás a pensar.
-Não dormimos que eu não quis! - Disse ela brincando. - Ele dormiu com os meus cabelos na boca!
-Mas calma... Vocês estão juntos?
-Tu não lhe explicaste?
-Não ia explicar no balneário com aquelas velhas cuscas a ouvir e além do mais, não sabia se querias partilhar com alguém.
-O André é um amigo há anos!
-Então vou-lhe explicar. - Respirou fundo. - Nós estamos a conhecer-nos melhor e vamos ver até onde vai dar, mas com calma, para já ainda não vamos assumir nada.
-E vocês só se conheceram ontem e já decidiram assim?
-Tu e a Isabel também começaram a namorar pouco tempo depois de se conhecerem, André!

-Sim, eu sei, mas fiquei surpreendido, apenas isso.
-Jota, podes passar por minha casa, por favor?
-Onde é?
-Ao lado do Mestalla. Não querem almoçar em minha casa? Não é muito grande mas dá perfeitamente para todos.
-Tens playstation? - Perguntou André.
-Ainda não.
-Vamos para minha casa, então. - Noticiou João.
O rapaz conduziu até perto do estádio e depois parou junto ao prédio da rapariga.
-Estaciona o carro que vamos todos subir para conhecer a minha casinha.
O rapaz aceitou e estacionou o carro, foram até casa de Catarina.
-A casa não é muito grande mas dá perfeitamente para mim. Entrem e sentem-se no sofá ou na cama, eu não demoro, vou só escolher a roupa e vestir-me.
-É melhor começarmos a preparar o almoço, João, sabes como são as mulheres e a roupa.
-Até parece! - Abriu a mala onde estava a roupa. - Além do mais, não tenho muita roupa aqui, está tudo em casa dos meus avós, por isso estou limitada.
-Então despacha-te que tens dois homens à tua espera!
Catarina olhou para a mala e rapidamente escolheu o que vestir.


-Optei por um vestido para ser mais rápido para as princesas não esperarem muito. - Apareceu e os rapazes levantaram-se e olharam para ela.
-Eu se fosse a ti, punha-me a pau para os rapazes não a largarem.
-A Catarina só tem olhos para mim, não é verdade? - Deu-lhe a mão. -
-Sim, claro que sim, mas não te importas que olhe só para o André? É estranho falar com ele e não o olhar.
-Sempre com classe, esta rapariga. - Respondeu André. - Não vale a pena argumentares, ficaste sem resposta, João.
-É verdade, admito. Estiveste muito bem, parabéns! - Deu-lhe um beijo na testa.
-Vamos, meninas? - Interrompeu Catarina.
Eles acenaram com a cabeça e seguiram caminho até ao carro.
-Posso levar o carro, Jota?
-Tens carta?
-Desde o meu dia de anos, na realidade. - Deu-lhe um beijo na bochecha e tirou-lhe a chave da mão. - Prometo que vou ter muito cuidado e sim, também gosto de ti! - Entrou para o lugar do condutor, André para o lado do pendura e João foi obrigado a sentar-se no banco de trás do carro.

-Sou o dono do carro, e vou no banco de trás, qual é a lógica? - Queixou-se.
-O último a chegar perde a corrida sim?
-E as senhoras são sempre as primeiras portanto. Além do mais, quem conhece melhor esta cidade sou eu. - Mandou-lhe um beijo com as suas mãos.
E seguiram caminho até casa do João e Catarina agradeceu a si mesma por não ter preparado um ambiente romântico e por ter feito algo bastante simples. Não demorou até chegar a casa de João, afinal também ela sabia acelerar e não tinha medo de o fazer, estacionou o carro, embora com alguma dificuldade, era o seu ponto fraco, mas acabou por conseguir com ajuda dos seus rapazes, depois foram para casa de João. Catarina foi para a cozinha preparar o almoço e colocar mais um prato na mesa, enquanto os rapazes se agarravam logo à consola. Depois do almoço estar quase pronto , João apareceu de surpresa na cozinha, sozinho.
-O almoço está quase pronto, Jota. - Disse enquanto mexia o arroz mais uma vez.
-Estava com saudades tuas.
Catarina ficou completamente rendida com o que ouvia, ele era sempre tão espontâneo e romântico?!
-Mas não me vias apenas há uns minutos.
-Sentia-te tão perto e tão longe que quis matar saudades.
-Querias era ver-me de avental! - Insinuo ela brincando com ele. - Mas tiveste azar porque nem o descobri!
João parecia que ignorava o que ela dizia e só olhava para ela completamente perdido e admirado com a beleza, única para os seus olhos, daquela rapariga, aproximou-se dela e beijou-a com uma saudade imensa que comandava o beijo, ou, melhor dizendo, os beijos porque apenas davam segundos entre eles e o ritmo aumentava.
-João, o comer. - Ele ignorou-a e sentou-a sobre a bancada enquanto a beijava mais e mais, ela retribui-a e começava também ela a desejar mais assim como ele, até que foram interrompidos por uma voz que entrou na cozinha.
-O comer está pronto? - João e Catarina pararam com a série de beijos e olharam para o rapaz. - Desculpem... Eu não sabia. - A rapariga escondeu a cara entre as mãos e deixou que o seu companheiro falasse.
-Não ia passar nada do que estás a pensar. - André olhou para ele com um ar de “podias ter inventado uma desculpa melhor ou não?”- Na verdade, estávamos só a matar saudades, apenas e só isso. Não se ia passar mais nada.
-Se quiserem que me vá embora, eu compreendo perfeitamente, a sério!
Catarina olhou para o lado e percebeu que o arroz estava no pronto e saltou da bancada a dizer:
-O arroz está no ponto! - Desligou o forno e foi até ao forno. - Os panados também! Vamos para a mesa?

De repente, nenhum deles disse nada mais e sentaram-se à mesa, Catarina, sabia que era mais fácil fazer esquecer aquele momento através de comida, afinal que forma mais fácil haveria de conquistar rapazes? Foi buscar o jarro de água fresca e água natural e colocou a mesa e serviu-os.
-Os rapazes estavam com fome, não é verdade? - Nenhum deles lhe respondeu ambos saboreavam o almoço. - Já percebi que está bom.
-Desculpem. - Interrompeu o André. - Mas eu não queria mesmo interromper! Eu é que estava com fome e estava a sentir-me sozinho na sala, devia ter percebido que podiam estar a fazer ou quase a fazer.
-Desculpa, não te devia ter deixado sozinho, eu só vinha à cozinha dar um beijo.
-As saudades é que começaram a apertar mais e pronto, mas não ia passar-se nada, o arroz estava no lume e os panados no forno, não iam ficar sem almoço.
-Tu já ias ser o almoço do João! - Respondeu André animado.
-Achas que íamos fazer alguma coisa contigo na mesma casa? Tão perto? - Respondeu ela chocada.
-Se o desejo apertasse. Além do mais, é um excelente líbido!
-André! - Respondeu, desta vez, João escandalizado. - Eu não preciso de estimulantes, eu dou bem conta do recado sozinho!
-Nunca te experimentei para ver isso! - Disse Catarina brincando. - Mas aposto que és excelente!
-O tamanho não é tudo! - Respondeu André. - O que importa é se o sabe usar ou não!
-Sabes que é estranho ouvir-te dizer isso, não sabes? - Disse João. - Ela é minha miúda, sim?
-Oh puto, eu já tive a prima dela, não iria nunca andar com duas primas, além do mais, ela é tua!
-Sim, sim! E vocês parem de falar disto, é demasiado embaraçoso!
-Comam mas é! - Pediu Catarina. - A experiência leva à perfeição e nós havemos de lá chegar, até lá, fazemo-lo!
Pararam com a conversa até porque perceberam que incomodava João e acabaram de almoçar.
-Agora o André lava a loiça enquanto nós vamos jogar na playstation.
-Mas eu é que sou o convidado!
-É só um jogo de aquecimento com a Catarina, André.
-E tens a certeza que é só para a aqueceres para o jogo ou é outro tipo de aquecimentos?!
-Pergunta antes de entrar na sala! - Avisou enquanto ambos saiam da cozinha mas claramente a brincar com ele.
João e Catarina sentaram-se no sofá e ligaram a consola.

-Aviso-te já que sou a pior jogadora com quem alguma vez jogaste na tua vida.
-Podemos sempre fazer a vontade ao André. - Piscou-lhe o olho.
-Mas tu tens assim tantas necessidades? - Perguntou brincando com ele. - Vais-me ensinar a jogar melhor isto, porque eu só jogava bem na PS2, na 3, sou uma naba!
-Jogamos os dois na mesma equipa para te dar algumas dicas!
-Está bem!
-André, depois deixa a loiça ao lado do lavatório para secar!
-E tu ainda gozas! - Respondeu ele da cozinha.
Passado alguns minutos, André perguntou à saída da cozinha depois de sair da cozinha.
-É seguro entrar?
-Estou a ensinar a Catarina a jogar!
-Que tipo de jogo?
-Nenhum pornográfico, é seguro! - Respondeu animada.
Catarina, João e André jogaram na PS3 durante 3 horas, depois a rapariga cansou-se e sugeriu:
-Que achas de irmos fazer fotossíntese?
-Mas eu sou alguma planta? - Respondeu André.
-Podemos ir à piscina daqui do prédio. - Olhou para Catarina. - Esqueci-me que não tens roupa para isso.
-Enganaste, sou uma pessoa muito prevenida! - Deu-lhe um curto beijo nos lábios. - Está vestido!
-Vocês fiquem por aqui que eu vou-me embora!
-Agora? Não queres lanchar primeiro? Secalhar estás com fome.
-Eu a pensar que tinha deixado a minha mãe em Portugal.
-Preocupo-me, apenas isso.
-Está descansada que tenho coisas combinadas e tenho mesmo de ir, beijo. - Deu-lhe um beijo rápido na bochecha e um abraço rápido a João e saiu sem mais nada dizer.

-Nós não fizemos nada para o afugentar nas últimas horas.
-Secalhar vai ter com alguma rapariga.
-Será com a tua prima?
-Não acredito, mas preferia que fosse agora porque ele ainda pode ser uma pessoa interessante ou importante na futura história entre ela e o Gayà.
-Não acredito que ela já foi aquilo que vocês disseram.
-Acredita que é verdade. - Sorriu. - E tu vais vestir o fato de banho ou queres que eu te dispa e te vista?
-E se eu quiser que tu me dispas? - Sugeriu e piscou o olho. - Estou a ir. - Deu-lhe um beijo na testa e foi até ao quarto onde precisou apenas de dois minutos para trocar de roupa e depois voltou para a sala. - Que achas?
-Estás bastante... Comestível.
-Davas-me umas trincas?
-Trincas, beijos, e outras coisas mas não vou dizer mais nada, vai vestir uma t-shirt, se faz favor!
-Para as outras raparigas não olharem para mim?
-Se lhe quiseres chamar assim! - Respondeu alto. - É mais para eu não pecar. - Respondeu bem baixinho para ele não ouvir.
Passado um minuto, voltou para a sala e perguntou:
-Estás pronta?
-Sempre pronta.

Foram até à piscina do prédio mas estavam lá um casal num clima bastante romântico e decidiram não os interromper e foram-se embora.
-E se?
-Se?
-Eu conheço uma casa com piscina!
-Eu também conheço casas com piscina mas nós não pudemos simplesmente invadi-las só por causa da piscina!
-Confias em mim?
-Claro! - Respondeu apertando a mão dela com força.
-Então vamos. - Ela foi com ele até às garagens e depois seguiram caminho até casa dos avós dela, e ele estacionou o carro à porta e entraram na vivenda com as chaves dela.
-De quem é esta casa?
-Dos meus avós.
-E eles estão em casa?
-Provavelmente a minha avó está, mas vamos até à piscina e ela acabará por aparecer.
-Tens a certeza? Ela pode ficar chateada.
-Sim, é impossível a minha avó chatear-se comigo.
João apesar de ir com algum receio acabou por aceitar o que ela dizia.
-Isso quer dizer que vou conhecer pelo menos a tua avó.
-Sim, mas não é nada formal, descansa.
-A escolha é tua, Catarina.
Chegaram até às traseiras e ele despiu logo a camisola e entrou logo para dentro da piscina e ela aproveitou um momento de distração dele para o fotografar.
A avó apareceu junto à piscina e chamou:
-Filha? Catarina? Posso falar contigo um momento?
O que quererá a avó falar com a neta?

O que dirá a neta sobre a sua “companhia”? Como será que ela apresentará João?