segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Capítulo 14: “Ainda não estou apaixonado!”


(José)
Depois de sair de casa de Isabel, com a sua camisa vestida, olhou para o relógio e assustou-se, se queria chegar a horas ao treino, não podia ir a casa trocar de roupa, teria de ir assim mesmo e embora não fosse a roupa indicada para levar para um treino tinha de servir, sabia que os colegas iriam brincar com a situação mas nem se importava, ia acabar por dizer que o amor começava a tocar-lhe à porta, ou pelo menos, tinha uma rapariga especial na sua vida. Olhou mais uma vez para a roupa e deparou-se com um pequeno pormenor que torcia para ninguém reparar: Isabel tinha deixado a marca do seu- batom vermelho na camisa. Assim que estacionou o carro, já perto da hora do treino, encontrou o seu velho e grande amigo, Paco Alcácer, cumprimentou-o e seguiram juntos até ao balneário.

-Que marca é essa na tua camisola?
As falsas esperanças da marca passar discreta voaram como uma folha no Outono.
-Eu posso explicar.
-Foste para a cama com a miúda? Tu foste o presente da maioridade da rapariga?
-Dormimos juntos, mas não foi esse dormir que estás à espera.
-Conta-me.
-Depois conto-te, senão vamos chegar atrasados.
De repente, e mesmo poucos minutos antes do início do treino, chegaram 3 colegas seus.
-Pelos vistos não nos vamos atrasar tanto quanto eles.
José olhou-os por segundos... As palavras de Isabel não lhe saiam da cabeça, ela já havia dormido com muitos homens, com vários até que eram seus colegas e ouve um particular que lhe roubara a virgindade.
-José? Acorda! - Abanou-o Paco, tentando fazê-lo despertar dos seus pensamentos mais longínquos.
-Desculpa, estava a pensar noutra coisa!
-Isso sei eu! Anda! - Correram até ao relvado mas ainda deu tempo de trocarem umas palavras. - O amor deixa-te de cabeça no ar, por completo!
-Ainda não estou apaixonado!
-Ainda?
-Ela disse-me que foi para a cama com vários colegas nossos e perdeu a virgindade com um, estou a tentar excluir hipóteses.
-Para tentares perceber se ela é realmente boa na cama ou não?
-Não é isso, Paco! Depois explico-te tudo!

Chegaram ao treino e depois chegou André Gomes, João Cancelo e Shkodran Mustafi, que chegaram já bem perto do início do treino mas ainda a tempo. Depois das corridas habituais e de mais alguns exercícios, o treino teve um fim e José tomou um banho rápido e pretendia sair rapidamente dali para ir ter com Isabel mas foi intercetado.

-Vais-te já embora? Estamos a tentar sacar informações ao Cancelo e ao Mustafi que vieram com ar suspeito.
-Sim, tenho um almoço marcado, já estão à minha espera.
-Está bem, até amanhã.

Mal sabia José que o rapaz com quem falara, tinha sido o primeiro rapaz com quem Isabel se tinha envolvido de forma tão intima. Arrancou rapidamente em direção até casa da sua companhia para almoço, mas nunca sem passar o limite de velocidade. José, ao contrário de Isabel, era cauteloso, era calmo e muito observador, era de longas histórias e de longos amores, talvez fosse por isso, que nunca tinha amado realmente uma rapariga. Estacionou o carro e subiu até ao andar do prédio, tocou, tocou e tocou à porta e ninguém lhe abria. Depois de quase desistir, houve um rapariga que lhe abriu a porta e sem nada mais dizer, seguiu caminho até ao sofá onde dormira. José, pelo contrário, seguiu caminho até ao quarto de Isabel e abriu a porta, a rapariga ainda dormia e profundamente, decidiu aproximar-se dela e dar-lhe um beijo na testa, depois iria embora.

-Onde pensas que vais? E o meu almoço?
-Pensa que estavas a dormir.
-Com a quantidade de vezes que tocaste à campainha, era impossível não ter acordado.
-Não queria perder a oportunidade de almoçar com uma pessoa que só não me violou porque adormeceu!
-E tu insistes! Eu nunca iria para a cama contigo, põe isso na tua cabeça!
-Aposto que disseste isso aos meus colegas de equipa e no entanto não deixaste de ir!
-Fica sabendo que os teus ciúmes, não me servem de muito! - José não podia negar que lhe magoara ouvir aquelas palavras, será que era completamente indiferente a Isabel?
-Afinal onde queres ir almoçar?
-Primeiro, vou tomar banho e mudar de roupa, depois vais tu a casa, mudar de roupa, que ontem vieste para aqui com isso vestido, depois, vamos almoçar ao pé da praia que não ando cheia de dinheiro e só depois, vou fazer surf, tu não sei, mas eu preciso de ir apanhar umas ondas.
-E posso acompanhar-te?
-Não sei se tens estaleca para mim, meu fiel amigo.
-Estava à espera que me ensinasses a fazer surf.
-Tu nunca fizeste surf? E esperas que eu te ensine? Eu faço surf praticamente desde os meus 6 anos de idade!
-Eu jogo futebol desde os meus 4 anos, e tu no entanto não jogas!
-Sou uma grande jogadora de futebol, fica sabendo.
-Vai mas é mudar de roupa para irmos embora.
-Esperas que mude de roupa ao pé de ti?
-Porque não? Já te vi de roupa interior, não seria novidade.
-Desaparece daqui! - Empurrou-o para fora do quarto e fechou a porta, começou a rir-se, iria fazer surf com José, iria vê-lo de fato de banho e poder vê-lo apenas em calções. Mas ele não era de todo o tipo de rapaz que ela gostava, porque mexia tanto com ela? Talvez porque ele lhe dificultara a vida ao não quererem envolver-se.
Vestiu o biquíni e por cima algo rápido, agarrou numa pequena mochila e colocou lá os dois fatos de surf e pegou nas duas pranchas de surf que tinha no quarto e saiu.

-Estás pronta? - Virou-se José e deparou-se com a forma como Isabel estava vestida. -Vais assim vestida?


-Havia de ir como?
-Podias ir um pouco mais vestida... - Sugeriu.
-José, não vou mudar a roupa, além do mais, chegamos à praia e vestimos os fatos de surf.
-E tens um para mim?
-Claro que sim!

José pegou numa prancha de surf e Isabel noutra e seguiram caminho até casa de José.

-Vives aqui? - Disse depois de entrarem no prédio e ele estacionar o carro na garagem e subirem até ao quarto. - Até é uma casa simples para um jogador de futebol.
-Se me conheces, sabias que não sou pessoa de grandes luxos.
-Aposto que é uma casa com mobília toda fina.
-O único grande luxo que tenho é o jacuzzi, e já vinha com a casa e sabe bem depois dos jogos, e a televisão, porque tenho a playstation e adoro ver as coisas em boa definição. Não estranhes a desarrumação. - José pôs a chave na porta e entraram. - Vou primeiro apresentar-te a casa e depois vou vestir-me e não vale ir espreitar, Isabel Maria!
-Não sei se onde vieram essas confianças para me chamares Maria!
-Estava a tentar descobrir o teu segundo nome!
-Não tenho, é só o meu nome e os apelidos, caro amigo!

José apresentou-lhe toda a casa, a cozinha, a sala, as casas de banho, e depois os quartos, primeiro o quarto de visitas, depois, o seu quarto, de seguida, acompanhou Isabel até à sala e foi até ao seu quarto e mudou de roupa, rapidamente. Quando chegou à sala, já Isabel jogava playstation.

-Espero que não te importes, mas fiz serventia.
-Claro que não. Já estou habituada a ter de esperar por uma rapariga. - Ao dizer aquelas palavras percebeu o peso que elas trouxeram e o silêncio que dai adveio, passado longos minutos, decidiu interromper o silêncio. - Tenho uma irmã, sabias?
-Eu também, mas eu demoro sempre mais tempo a despachar-me que ela.
-Se for para vestires tanta roupa como a que tens hoje... - Sugeriu.
-Tens algum problema com o facto de estar de camisa e calções?
-Não, apenas com o fato de teres a camisa aberta, os rapazes não param de olhar para ti.
-Tu tomas conta de qualquer um que seja mais atrevido.
-Considera-o feito.

Depois de Isabel terminar o jogo foram até à praia, onde almoçaram numa humilde esplanada.

-Que queres comer? - Perguntou José a olhar para a ementa.
-A ti. - Respondeu Isabel com a sua espontaneidade característica.
-Tu não te lembras, mas ontem à noite disseste-me o mesmo, mas isso não vai acontecer.
-Tu nem és nada de especial, mas eu quero-te, não sei porquê, mas quero!
-Não estás habituada a ouvir um não e eu simplesmente... Dei-to.
-Vamos lá ver-te de calções e ai vou testar se és realmente apetitoso ou não.

Depois de almoçarem algo leve, seguiram com as pranchas até à praia e pousaram a mala e as toalhas sobre a areia e vestiram os fatos de surf.

-Vou-te explicar algumas básicas de surf, mas aviso-te já que tudo depende da tua habilidade.
-Tenho um pressentimento que vou ser realmente bom.

Isabel não podia negar a si mesma que ele tinha algo que lhe prendia a atenção, talvez fosse mesmo o que ele dissera, de ter sido o único rapaz com capacidade de lhe dizer não e isso atraia-a, e enquanto ele despia a camisola e vestia o fato de surf, que olhou vários segundos para ele e viu o seu corpo despido, o seu peito tonificado e os abdominais embora não definidos, a começarem a ganhar forma, e admitia a si mesma que o queria, nem que ele lhe dificultasse a vida, ela conseguia ser irresistível quando queria e ele iria acabar por ceder.

-Porque me queres resistir?
-Porque não te posso ter.
-Fecha aqui se faz favor. - Virou-se de costas para ele que lhe fechou o fecho do fato. -E porque não me podes ter?
-Eu prometi segredo, logo não te posso contar.
-Tanto mistério. Cá para mim és gay e não queres admitir.
-Claro que sim, é o que mais sou, não haja dúvida.
-Só acredito quando mo provares.
-Então vais ficar eternamente com a pulga atrás da orelha a pensar se serei ou não, mas com quem me envolvi, nenhuma se queixou. - José sabia que se poderia envolver com ela, não haveria nenhuma regra a proibi-lo, mas não se sentia nada bem ao pensar que iria para a cama com duas primas e provavelmente nenhuma o iria perdoar alguma vez.
-Nenhum, meu caro amigo.
-Tu queres provocar-me para ver até onde vou chegar, mas eu vou resistir, Isabel.
-José, eu vou ficar de braços cruzados, hás-de ser tu a vir ter comigo e a suplicar para dormirmos.
-Vai sonhando.

Isabel explicou as bases do surf e depois entraram para o mar e começaram a tentar apanhar umas ondas, mas José, não tinha muita habilidade para este desporto, o que provocou alguns momentos de pura gargalhada entre eles.

-Tu não tens mesmo jeitinho nenhum!
-Estou a dar o meu melhor!
-Se isso é o meu melhor, não quero imaginar o teu pior!

Depois de várias tentativas (falhadas) de se tentar levantar em cima da prancha de surf, acabou por desistir e pousar a prancha na areia e despir o seu fato de surf e ir até ao mar dar um mergulho.

-Já desististe? Que fraquinho!
-Queres vir ter comigo?
-Eu vou, mas aviso-te já que não é uma companhia decente!
-Estou seguro, estão aqui algumas pessoas, logo não me podes fazer nada!
-Não me tentes!

Saiu do mar e despiu o fato, sempre sobre o olhar atento de José, embora ele preferisse ser discreto, ao contrário dela. Entrou no mar novamente e aproximou-se de José, e embora ele quisesse afastar-se, também não o queria fazer em simultâneo, por isso manteve-se até ela se aproximar-se. Começou a deslizar a mão pelo peito dele, descendo até aos abdominais e chegando até à linha ténue que separava os abdominais dele e a zona das virilhas, e ele começou a tremer e ela sorriu-lhe até sussurrar.

-Eu disse-te que não conseguias resistir-me. - E dito isto sorriu-lhe e fê-lo “despertar”. - És demasiado conceituado e estão demasiadas pessoas a ver para te fazer a vontade.

Sorriu-lhe e saiu do mar. José deu mais um mergulho para esconder o seu “entusiasmo” e passou-se por uma toalha para se limpar e seguiu Isabel até ao carro, onde a encostou à porta e aproximou-se cada vez mais dela até aos seus lábios se tocarem...

Como irá responder Isabel?
Será que vai retribuir? Será que ela vai conseguir o que quer?