(José)
Depois
de sair de casa de Isabel, com a sua camisa vestida, olhou para o
relógio e assustou-se, se queria chegar a horas ao treino, não
podia ir a casa trocar de roupa, teria de ir assim mesmo e embora não
fosse a roupa indicada para levar para um treino tinha de servir,
sabia que os colegas iriam brincar com a situação mas nem se
importava, ia acabar por dizer que o amor começava a tocar-lhe à
porta, ou pelo menos, tinha uma rapariga especial na sua vida. Olhou
mais uma vez para a roupa e deparou-se com um pequeno pormenor que
torcia para ninguém reparar: Isabel tinha deixado a marca do seu-
batom vermelho na camisa. Assim que estacionou o carro, já perto da
hora do treino, encontrou o seu velho e grande amigo, Paco Alcácer,
cumprimentou-o e seguiram juntos até ao balneário.
-Que
marca é essa na tua camisola?
As
falsas esperanças da marca passar discreta voaram como uma folha no
Outono.
-Eu
posso explicar.
-Foste
para a cama com a miúda? Tu foste o presente da maioridade da
rapariga?
-Dormimos
juntos, mas não foi esse dormir que estás à espera.
-Conta-me.
-Depois
conto-te, senão vamos chegar atrasados.
De
repente, e mesmo poucos minutos antes do início do treino, chegaram
3 colegas seus.
-Pelos
vistos não nos vamos atrasar tanto quanto eles.
José
olhou-os por segundos... As palavras de Isabel não lhe saiam da
cabeça, ela já havia dormido com muitos homens, com vários até
que eram seus colegas e ouve um particular que lhe roubara a
virgindade.
-José?
Acorda! - Abanou-o Paco,
tentando fazê-lo despertar dos seus pensamentos mais longínquos.
-Desculpa,
estava a pensar noutra coisa!
-Isso sei eu! Anda! - Correram até ao relvado mas ainda deu tempo de trocarem umas palavras. - O amor deixa-te de cabeça no ar, por completo!
-Isso sei eu! Anda! - Correram até ao relvado mas ainda deu tempo de trocarem umas palavras. - O amor deixa-te de cabeça no ar, por completo!
-Ainda
não estou apaixonado!
-Ainda?
-Ela
disse-me que foi para a cama com vários colegas nossos e perdeu a
virgindade com um, estou a tentar excluir hipóteses.
-Para
tentares perceber se ela é realmente boa na cama ou não?
-Não
é isso, Paco! Depois explico-te tudo!
Chegaram
ao treino e depois chegou André Gomes, João Cancelo e Shkodran
Mustafi, que chegaram já bem perto do início do treino mas ainda a
tempo. Depois das corridas habituais e de mais alguns exercícios, o
treino teve um fim e José tomou um banho rápido e pretendia sair
rapidamente dali para ir ter com Isabel mas foi intercetado.
-Vais-te
já embora? Estamos a tentar sacar informações ao Cancelo e ao
Mustafi que vieram com ar suspeito.
-Sim,
tenho um almoço marcado, já estão à minha espera.
-Está
bem, até amanhã.
Mal
sabia José que o rapaz com quem falara, tinha sido o primeiro rapaz
com quem Isabel se tinha envolvido de forma tão intima. Arrancou
rapidamente em direção até casa da sua companhia para almoço, mas
nunca sem passar o limite de velocidade. José, ao contrário de
Isabel, era cauteloso, era calmo e muito observador, era de longas
histórias e de longos amores, talvez fosse por isso, que nunca tinha
amado realmente uma rapariga. Estacionou o carro e subiu até ao
andar do prédio, tocou, tocou e tocou à porta e ninguém lhe abria.
Depois de quase desistir, houve um rapariga que lhe abriu a porta e
sem nada mais dizer, seguiu caminho até ao sofá onde dormira. José,
pelo contrário, seguiu caminho até ao quarto de Isabel e abriu a
porta, a rapariga ainda dormia e profundamente, decidiu aproximar-se
dela e dar-lhe um beijo na testa, depois iria embora.
-Onde
pensas que vais? E o meu almoço?
-Pensa
que estavas a dormir.
-Com
a quantidade de vezes que tocaste à campainha, era impossível não
ter acordado.
-Não
queria perder a oportunidade de almoçar com uma pessoa que só não
me violou porque adormeceu!
-E
tu insistes! Eu nunca iria para a cama contigo, põe isso na tua
cabeça!
-Aposto
que disseste isso aos meus colegas de equipa e no entanto não
deixaste de ir!
-Fica
sabendo que os teus ciúmes, não me servem de muito! -
José não podia negar que lhe magoara ouvir aquelas palavras, será
que era completamente indiferente a Isabel?
-Afinal
onde queres ir almoçar?
-Primeiro,
vou tomar banho e mudar de roupa, depois vais tu a casa, mudar de
roupa, que ontem vieste para aqui com isso vestido, depois, vamos
almoçar ao pé da praia que não ando cheia de dinheiro e só
depois, vou fazer surf, tu não sei, mas eu preciso de ir apanhar
umas ondas.
-E
posso acompanhar-te?
-Não
sei se tens estaleca para mim, meu fiel amigo.
-Estava
à espera que me ensinasses a fazer surf.
-Tu
nunca fizeste surf? E esperas que eu te ensine? Eu faço surf
praticamente desde os meus 6 anos de idade!
-Eu
jogo futebol desde os meus 4 anos, e tu no entanto não jogas!
-Sou
uma grande jogadora de futebol, fica sabendo.
-Vai
mas é mudar de roupa para irmos embora.
-Esperas
que mude de roupa ao pé de ti?
-Porque
não? Já te vi de roupa interior, não seria novidade.
-Desaparece
daqui! - Empurrou-o para fora
do quarto e fechou a porta, começou a rir-se, iria fazer surf com
José, iria vê-lo de fato de banho e poder vê-lo apenas em calções.
Mas ele não era de todo o tipo de rapaz que ela gostava, porque
mexia tanto com ela? Talvez porque ele lhe dificultara a vida ao não
quererem envolver-se.
Vestiu
o biquíni e por cima algo rápido, agarrou numa pequena mochila e
colocou lá os dois fatos de surf e pegou nas duas pranchas de surf
que tinha no quarto e saiu.
-Estás
pronta? - Virou-se José e
deparou-se com a forma como Isabel estava vestida. -Vais
assim vestida?
-Havia
de ir como?
-Podias
ir um pouco mais vestida... -
Sugeriu.
-José,
não vou mudar a roupa, além do mais, chegamos à praia e vestimos
os fatos de surf.
-E
tens um para mim?
-Claro
que sim!
José
pegou numa prancha de surf e Isabel noutra e seguiram caminho até
casa de José.
-Vives
aqui? - Disse depois de
entrarem no prédio e ele estacionar o carro na garagem e subirem até
ao quarto. - Até é uma casa simples para um jogador de
futebol.
-Se
me conheces, sabias que não sou pessoa de grandes luxos.
-Aposto
que é uma casa com mobília toda fina.
-O
único grande luxo que tenho é o jacuzzi, e já vinha com a casa e
sabe bem depois dos jogos, e a televisão, porque tenho a playstation
e adoro ver as coisas em boa definição. Não estranhes a
desarrumação. - José pôs a
chave na porta e entraram. - Vou primeiro apresentar-te a
casa e depois vou vestir-me e não vale ir espreitar, Isabel Maria!
-Não
sei se onde vieram essas confianças para me chamares Maria!
-Estava
a tentar descobrir o teu segundo nome!
-Não
tenho, é só o meu nome e os apelidos, caro amigo!
José
apresentou-lhe toda a casa, a cozinha, a sala, as casas de banho, e
depois os quartos, primeiro o quarto de visitas, depois, o seu
quarto, de seguida, acompanhou Isabel até à sala e foi até ao seu
quarto e mudou de roupa, rapidamente. Quando chegou à sala, já
Isabel jogava playstation.
-Espero
que não te importes, mas fiz serventia.
-Claro
que não. Já estou habituada a ter de esperar por uma rapariga. -
Ao dizer aquelas palavras percebeu o peso que elas trouxeram e o
silêncio que dai adveio, passado longos minutos, decidiu interromper
o silêncio. - Tenho uma irmã, sabias?
-Eu
também, mas eu demoro sempre mais tempo a despachar-me que ela.
-Se
for para vestires tanta roupa como a que tens hoje... -
Sugeriu.
-Tens
algum problema com o facto de estar de camisa e calções?
-Não,
apenas com o fato de teres a camisa aberta, os rapazes não param de
olhar para ti.
-Tu
tomas conta de qualquer um que seja mais atrevido.
-Considera-o
feito.
Depois
de Isabel terminar o jogo foram até à praia, onde almoçaram numa
humilde esplanada.
-Que
queres comer? - Perguntou José
a olhar para a ementa.
-A
ti. - Respondeu Isabel com a
sua espontaneidade característica.
-Tu
não te lembras, mas ontem à noite disseste-me o mesmo, mas isso não
vai acontecer.
-Tu
nem és nada de especial, mas eu quero-te, não sei porquê, mas
quero!
-Não
estás habituada a ouvir um não e eu simplesmente... Dei-to.
-Vamos
lá ver-te de calções e ai vou testar se és realmente apetitoso ou
não.
Depois
de almoçarem algo leve, seguiram com as pranchas até à praia e
pousaram a mala e as toalhas sobre a areia e vestiram os fatos de
surf.
-Vou-te
explicar algumas básicas de surf, mas aviso-te já que tudo depende
da tua habilidade.
-Tenho
um pressentimento que vou ser realmente bom.
Isabel
não podia negar a si mesma que ele tinha algo que lhe prendia a
atenção, talvez fosse mesmo o que ele dissera, de ter sido o único
rapaz com capacidade de lhe dizer não e isso atraia-a, e enquanto
ele despia a camisola e vestia o fato de surf, que olhou vários
segundos para ele e viu o seu corpo despido, o seu peito tonificado e
os abdominais embora não definidos, a começarem a ganhar forma, e
admitia a si mesma que o queria, nem que ele lhe dificultasse a vida,
ela conseguia ser irresistível quando queria e ele iria acabar por
ceder.
-Porque
me queres resistir?
-Porque
não te posso ter.
-Fecha
aqui se faz favor. - Virou-se
de costas para ele que lhe fechou o fecho do fato. -E
porque não me podes ter?
-Eu
prometi segredo, logo não te posso contar.
-Tanto
mistério. Cá para mim és gay e não queres admitir.
-Claro
que sim, é o que mais sou, não haja dúvida.
-Só
acredito quando mo provares.
-Então
vais ficar eternamente com a pulga atrás da orelha a pensar se serei
ou não, mas com quem me envolvi, nenhuma se queixou. -
José sabia que se poderia envolver com ela, não haveria nenhuma
regra a proibi-lo, mas não se sentia nada bem ao pensar que iria
para a cama com duas primas e provavelmente nenhuma o iria perdoar
alguma vez.
-Nenhum,
meu caro amigo.
-Tu
queres provocar-me para ver até onde vou chegar, mas eu vou
resistir, Isabel.
-José,
eu vou ficar de braços cruzados, hás-de ser tu a vir ter comigo e a
suplicar para dormirmos.
-Vai
sonhando.
Isabel
explicou as bases do surf e depois entraram para o mar e começaram a
tentar apanhar umas ondas, mas José, não tinha muita habilidade
para este desporto, o que provocou alguns momentos de pura gargalhada
entre eles.
-Tu
não tens mesmo jeitinho nenhum!
-Estou
a dar o meu melhor!
-Se
isso é o meu melhor, não quero imaginar o teu pior!
Depois
de várias tentativas (falhadas) de se tentar levantar em cima da
prancha de surf, acabou por desistir e pousar a prancha na areia e
despir o seu fato de surf e ir até ao mar dar um mergulho.
-Já
desististe? Que fraquinho!
-Queres
vir ter comigo?
-Eu
vou, mas aviso-te já que não é uma companhia decente!
-Estou
seguro, estão aqui algumas pessoas, logo não me podes fazer nada!
-Não
me tentes!
Saiu
do mar e despiu o fato, sempre sobre o olhar atento de José, embora
ele preferisse ser discreto, ao contrário dela. Entrou no mar
novamente e aproximou-se de José, e embora ele quisesse afastar-se,
também não o queria fazer em simultâneo, por isso manteve-se até
ela se aproximar-se. Começou a deslizar a mão pelo peito dele,
descendo até aos abdominais e chegando até à linha ténue que
separava os abdominais dele e a zona das virilhas, e ele começou a
tremer e ela sorriu-lhe até sussurrar.
-Eu
disse-te que não conseguias resistir-me. -
E dito isto sorriu-lhe e fê-lo “despertar”. - És
demasiado conceituado e estão demasiadas pessoas a ver para te fazer
a vontade.
Sorriu-lhe
e saiu do mar. José deu mais um mergulho para esconder o seu
“entusiasmo” e passou-se por uma toalha para se limpar e seguiu
Isabel até ao carro, onde a encostou à porta e aproximou-se cada
vez mais dela até aos seus lábios se tocarem...
Como
irá responder Isabel?
Será
que vai retribuir? Será que ela vai conseguir o que quer?