(Alma)
Um
mês se havia passado sem ninguém dar conta e o recém-casal Alma e
Shkodran parecia estar a viver sobre fogo cerrado e a ver o seu amor
colocado à prova repetidamente. Era como se a forma repentina e
bruta como ela havia terminado com Iker, o seu ex-namorado e começara
a namorar com o alemão os seguisse para sempre e os incriminasse
pelo que se havia passado. O espanhol não havia aceite bem aquele
final de relação e teimava em assombrar o presente e o futuro desta
nova relação, queria-a de volta. Perseguia-a, ameaçava-a e tentava
amedrontá-la, tudo porque queria que ela terminasse a relação com
o atual namorado e voltasse para os seus braços, mas a jovem não
cedia. Sempre que Alma andava na rua, quer fosse para ir às compras
como até para passear com uma amiga, era surpreendida por Iker, ou
por algum colega seu, que a seguia para todo o lado, as ameaças que
era alvo atrás de mensagens, de e-mail's e até de cartas, eram uma
constante, todos os dias as vivia na pele, nunca pensara que ele
fosse assim mas ele surpreendera-a, mas não fora apanhada
desprevenida por demasiado tempo. Mudara o número de telemóvel, a
conta de e-mail, nunca andava sozinha e mudara-se, embora
temporariamente, para casa do seu atual namorado, para se sentir mais
segura e assim o espanhol não sabia onde ela vivia.
-Alma
do meu coração? -
Disse em espanhol e fazia-a sorrir sempre que ouvira, afinal ela era
Alma... E estava no seu coração.
-Diz-me
Shkodran da minha Alma. -
Ele também sorria sempre que ela assim respondia... E em alemão.
-Passe
o tempo que passar vou continuar a adorar que me chames assim. -
Deu-lhe um beijo na testa. -
Acho que devíamos apresentar queixa na polícia.
-Por
causa do Iker? Não é preciso, ele está a reagir assim mas com o
tempo passa, eu conheço-o.
-Mas
deixava-me mais tranquilo se o fizéssemos, porque assim a polícia
estava mais atenta e ele pagava pelo medo que tem trazido à nossa
vida.
-Isto
é passageiro, ruivo.
-Ficava
mais descansado sempre que jogasse fora, senão temos de contratar um
guarda-costas.
-Não
precisas de exagerar! -
Disse levantando-se do sofá onde estava deitada. -
Ele só não está a reagir bem à forma como terminamos... Afinal
foram 3 anos juntos e terminei com ele depois de o trair.
-Alma,
eu já li imensos casos em que começa assim e depois acaba por
ameaçar a minha vida e até a tua.
-Prometo
que assim que ele ameaçar a minha vida ou a tua que vamos à
polícia.
-Eu
percebo que ainda gostes dele...
-A
questão não é essa... Eu estou contigo, não estou com ele. É
contigo que vivo e quero estar, apenas e só contigo meu alemão
favorito.
-Mas
é normal que ainda nutras algum sentimento por ele e talvez... -
Ela calou-o com um beijo.
-O
que se passou para tantas inseguranças?
-Recebi
uma carta... No estádio. -
Tirou o bilhete do bolso, algo amachucado e abriu-o e Alma pode
confirmar que era mesmo a letra dele... A letra de Iker.
"Shkodran,
tu roubaste-me o que de mais precioso a minha vida tinha, o meu bem
mais sagrado, roubaste-me tudo! TUDO! E ela deixou-se encantar por um
alemão que limita-se a dar uns toques numa bola, se usasses os
neurónios e fosses inteligente sabias que o que fizeste terá
consequências. Nunca se está em segurança, meu caro! E quanto à
Alma, ela também me irá pagar pelo que fez mas no fim de tudo ainda
vai chorar nos meus braços e pedir para voltar para mim e nessa
altura vais sofrer tudo aquilo que estou a sofrer."
Alma
não conteve a dor que lhe invadia o peito e chorou nos braços do
seu namorado.
-Ouve
partes que não entendi bem mas o Gayà ajudou-me a traduzir. -
Alma sorriu. -
Mas devias estar orgulhoso de mim, fiz um esforço para traduzir tudo
sozinho!
-O
meu namorado é um poliglota.
-Não
preciso de o ser, só quero conhecer a tua língua. -
Dito isto beijou-a com um beijo de cortar o fôlego. -
Não é por mim que tenho medo, é por ti, meu amor.
-Quando
tu estás fora em jogos, fico em casa dos meus pais ou fico em casa
da Catarina, mas nunca sozinha, visto que a minha irmã está fora e
não sei se fica a morar pelos lençóis do outro rapaz ou se volta.
-Eu
fico mais descansado mas posso contratar alguém para andar contigo
só para me sentir mais seguro e para te proteger caso precises.
-Shkodran,
nós não vamos deixar que o medo nos aterrorize, está bem? -
Passou-lhe a mão pela bochecha. -
Isso era deixá-lo vencer e acho que nenhum dos dois quer isso,
certo?
-Claro
que não, a única pessoa que eu quero que me ganhe és só mesmo
tu... E é na cama. Alma, diz-me uma coisa.
-Diz-me,
meu príncipe alemão.
-Não
te tenho desiludido pois não? Ainda sou tão novo nestas andanças e
tu já tens experiência podes querer mais...
-Redescobrir
tudo contigo, tem sido mais que extraordinário, gosto de ir com
calma e aproveitar tudo. -
Ele beijou-a.
-Nós
somos uma contradição na nossa vida sabes? Tu estavas numa relação
duradora e traíste-o... Comigo. Eu queria ser virgem até ao
casamento mas foi só até tu apareceres na minha vida.
-E
estás arrependido de não termos esperado mais?
-Não,
claro que não! No início custou-me um pouco, admito, afinal sempre
prometi que iria esperar pelo casamento porque achava que o deveria
fazer, que era o correto, não era por causa da minha religião, mas,
graças a ti fizeste-me ver que isso são pormenores, o que realmente
importa é estarmos com quem amamos e sentirmo-nos preparados, eu
sentia-me, tu apareceste na minha vida e aconteceu. Tu foste um ponto
de viragem na minha vida, a tua vinda... -
Sorriu. -
Foste mais que um motivo de felicidade, és a pessoa que faz de mim
um pilar de força, és a única pessoa que me faz sentir imbatível
e
isso o Iker nunca vai conseguir estragar.
-Amo-te
mesmo do fundo do meu coração, sabias? -
Passou a mão pela face dele e beijou-o. -
Posso também eu perguntar-te uma coisa? Mas não quero que fiques
chateado... Só quero esclarecer as minhas dúvidas, quero saber tudo
sobre ti... E sobre a tua religião, mas antes disso quero que saibas
que amo-te e nada vai mudar disso. -
Deram as mãos e beijaram-se.
-Eu
sabia que este dia ia chegar... Sabia que me ia casar com uma
católica e que ia passar por isto, não me perguntes porquê mas
pressentia-o desde que me lembro. -
Sorriu. -
Não estava enganado. Não quero também que as nossas religiões
interfiram no nosso amor e na nossa relação, está bem? Se a falta
de língua em comum, não nos travou, então não será qualquer
coisa que o fará. -
Deu-lhe um beijo no nariz. -
E quero que fales comigo caso tenhas alguma dúvida ou receios sobre
a minha religião assim como eu vou perguntar sobre a tua, sim? Não
sou radical, e não sigo todos os ensinamentos do Corão, mas claro
que respeito e sigo alguns, mas primeiro vou ensinar-te algumas
bases. O Corão defende que existe um único deus, Maomé, mas que
existiram profetas, um pouco à imagem dos santos na igreja católica,
mas de uma forma um pouco diferente, mas é só para teres uma ideia,
e esses profetas eram Abraão, Moisés e Jesus, mas Jesus foi um
profeta de Maomé, nada mais que isso. O Islamismo defende 5 pilares,
que são exigidos a um muçulmano: a fé, professar e aceitar a
religião. A oração 5 vezes ao dia, ao amanhecer, depois do
meio-dia, entre o meio-dia e o pôr do sol, aproximadamente uma hora
depois do pôr do sol mas já deste por isso, não é verdade, amor?
-
Sorriram. -
A caridade. Todos os anos devemos doar 2,5% do nosso salário para os
pobres, mas eu opto por dar mais, afinal nos dias de crise existem
cada vez mais pessoas necessitadas e eu felizmente recebo mais que o
suficiente. E a peregrinação que deve ser feita pelo menos uma vez
na vida, durante o mês de Dhu al-Hija. E o Jejum, que é feito
durante o 9º mês do calendário muçulmano, ao contrário de que
todos pensam não é só a alimentação, é muito mais que isso. É
uma altura em que renovamos a nossa fé, praticamos de forma mais
intensa a caridade e a vivência da fraternidade e dos valores da
vida familiar, é um mês de sacríficos para demonstrar a nossa fé,
e a alimentação é um desses sacrifícios mas temos outros como as
noites mal dormidas, passam a ser noites bem dormidas. -
Ambos sorriram e Alma começava a acalmar os nervos que a dominavam
pela religião dele. -
E antes que me perguntes sobre a questão de teres de andar tapada
ou destapada para respeitar a minha religião, eu
não te vou pedir para não ires à praia, mas também não ia gostar
de te ver numa revista para homens a exibir-te em roupa interior e os
homens a babarem-se para o que é meu, mas também não precisas de
andar de burka, nem eu o queria. -
Riu-se. -
Se eu posso tirar a camisola e mostrar os abdominais vertiginosos
porque haveria de pedir-te para andares tapada? Podes andar como
quiseres, mas respeita aquilo em que acredito. -
Pediu. -
Em relação à virgindade antes do casamento... Pois, fica para
outra altura! -
Riram-se os dois. -
Já ma roubaram, não posso voltar atrás e nem o faria se pudesse.
Mas quero apenas cumprir um desejo. Filhos, só depois do casamento.
E sou completamente contra o Estado Islâmico e aquilo que apregoam
é completamente contra a minha religião, usam-na apenas como
pretexto para a morte de inocentes de crianças e a violação de
milhares de mulheres, isso para mim é mais que doentio! -
Revelou desiludido. -
E entristece-me que ponham os muçulmanos todos ao mesmo nível,
porque nem todos somos assim... Eu não sou radical, nem sigo a 100%
o Corão, assim como só alguns seguem a 100% a Bíblia, e gostava
que antes de julgarem a minha religião, tentassem entender e
perceber, assim como tu o fizeste. -
Alma deixou-se aconchegar nos braços de Shkodran e nada a fazia
sentir melhor do que estar nos braços dele, sentia-se segura,
confiante e feliz, sentia-se em paz, até que se levantava com mais
um enjoo. Correu até à casa de banho e vomitou.
-Que
se passou meu bem? -
O seu namorado seguiu-a até à casa de banho preocupado, tirou uma
toalha e limpou-lhe a face quando ela terminou de vomitar.
-Eu
estou bem juro, foi só uma má disposição. -
O rapaz queria dar-lhe um beijo mas ela recusou, afastando os lábios
dela dos seus. -
Nem penses nisso Shkodran!
-Alma
do teu Shkodran. -
Fez beicinho.
-Devo
estar com um hálito horrível, acabei de vomitar e tu queres
beijar-me, isso é uma enorme prova de amor! -
Dito isto agarrou-o e beijou-o ela própria.
-Comprova-se
o teu mau hálito! -
Disse provocando-a e ela riu-se.
-Amas-me
na mesma, não é verdade?
O
rapaz acenou positivamente com a cabeça.
-Vamos
para a sala que quero dizer-te uma coisa.
-E
porque não me podes dizer aqui?
-Queres
que te diga que para a semana vem cá o teu cunhado e a tua sogra e
estão desejosos de te conhecer?
Alma
levantou-se e foi para a sala onde se sentou no sofá e ele seguiu-a,
algo preocupado e receoso.
-Quero
que saibas que quero mesmo conhecê-los. -
Respirou fundo. -
Mas este não é o momento certo... Estamos juntos há um mês.
-E
então? Eu amo-te e estamos certos do que estamos a viver ou não?
-Sim,
eu amo-te mesmo mas...
-Explica-me
o porquê das tuas inseguranças?
-É
o Iker. -
Explodiu. -
Ele tem-nos andado a seguir, tenho medo que ponha em risco a tua
família. -
O rapaz abraçou-a.
-É
ele que te deixa tão insegura?
-Eu
não consigo viver a minha vida e fingir que ele não existe e que
não tenho medo das ameaças dele.
-Alma,
ele vai acabar por desistir de tentar intimidar-nos.
-E
senão desistir? E se nos seguir até acabarmos?
-E
tu queres desistir sem lutar?
-Não...
Não é nada disso. -
Alma sentia que não estava a ser bem compreendida e não estava a
escolher as palavras certas. -
Se eu tiver de terminar contigo para puderes ficar seguro e bem,
acredita que o faço sem hesitar.
-Eu
simplesmente não entendo porque pensas já em desistir.
-Porque
conheço bem o Iker e sei que ele simplesmente não o fará.
Shkodran
tinha como hábito calar as inseguranças com um beijo mas algo mais
forte, fê-la puxar para ele e acabaram por se envolver ali mesmo no
chão da sala. Quando terminaram, ele levantou-se, sem sequer lhe dar
um beijo, sentou-se no chão e desabafou:
-Tu
não me amas... -
Dito isto começou a chorar, ele sentiu uma dor afundar-lhe o
coração.
-Sabes
bem que não é isso.
-Então
é o quê? Diz-me por favor!
Alma
queria responder, queria dizer-lhe tudo mas simplesmente não
conseguia... As palavras faltam-lhe sair da boca. Não significava
que não o amasse, ela amava-o estava certa disso mas não sabia como
lhe dizer o que se havia passado o porquê de tudo aquilo... Alma não
tinha força para lhe responder e Shkodran, agarrou na roupa,
vestiu-se e saiu de casa.
(Passado
alguns dias)
Aqueles
últimos dias haviam sido extremamente difíceis para ambos,
partilhavam cama todas as noites, mas era como senão o fizessem,
eram como dois lados separados da cama. Passavam o dia juntos mas
pareciam dois desconhecidos, falavam apenas o essencial mas as vozes
dentro da cabeça deles gritavam mas nenhum deixava sair. Mas naquele
dia era diferente, Alma decidiu mudar a situação e enquanto ele ia
para o treino, decidiu fazer-lhe uma surpresa, podia não conseguir
falar com ele e dizer mas ia
provar que o amava. Não haviam partilhado em nenhuma rede social que
estavam juntos mas ela decidiu provar ao mundo e a ele que o amava,
com todo o seu coração e partilhou no Instagram:
“Our
love doesn't need a translator”
Alma
queria partilhar que estava profundamente apaixonada por aquele
homem, mas nunca fora boa com palavras, por isso optava sempre por
aprender várias línguas talvez numa tentativa de ajudá-la a
descrever o que sentia mas até hoje nada a tinha ajudado... Até
aparecer Shkodran, ele sim ensinara-lhe que para amar, as barreiras
linguísticas eram apenas isso... Barreiras que se poderiam
ultrapassar. Passado alguns minutos decidiu publicar também no
Twitter:
“My
man crush <3”
Decidiu
procurar a letra de uma música que uni-se o que sentia em alemão...
E em espanhol e Shakira acabou por ajudá-la de uma forma gritante.
“Bleibe
baby bleibe baby (Fica
querido, fica querido)
Geh
nicht wieder weg (Não partas
nunca mais)
Bleibe
baby bleibe baby (Fica querido,
fica querido)
Geh
nicht wieder weg (Não partas
nunca mais)
Una
máquina (Uma máquina)
De
pensar en tí (De pensar em ti)
Eso
es lo que soy (Isso é o que
sou)
Lo
que siempre fuí (E o que sempre
fui)
Sabes
que me esta matando esta espera cruel (Sabes
que esta espera cruel me está a matar)
La
resignación es un deseo sin piel, y (A
resignação é um desejo sem pele e)
Cada
día llora algo muy dentro de mi (Cada
dia chora algo dentro de mim)
No
hay forma lógica de hacer mi vida sin ti (Não
há forma lógica de fazer a minha vida sem ti)
Y
aunque me haga la invencible (E
ainda que me faça de invencível)
Lo
fatal, lo imprescindible (O
fatal, o imprescindível)
Es
que vuelvas a mi, vuelvas a mi, vuelve... (É
que voltes para mim, voltes para mim, volta...)
El
dolor es sofocante (A dor é
sufocante)
Y
ahora todo lo importante (E
agora tudo é importante)
Es
que vuelvas a mi, vuelvas a mi, vuelve... (É
que voltes para mim, voltes para mim, volta...)
No
me tortures así (Não me
tortures assim)
Una
máquina (Uma máquina)
De
vivir sin paz (De viver sem paz)
Eso
es lo que soy (Isso é o que
sou)
Desde
que no estas (Desde que não
estás)
Dices
que no tiene caso reaccionar así (Dizes
que não tenho que reagir assim)
Que
has hecho tu elección (Que
fizeste a tua escolha)
Que
viva y deje vivir (Que viva e
deixe viver)
Pero
no quiero romper el lazo que me ata a tí (Mas
não quero romper o laço que me ata a ti)
Ten
consideración y no me dejes sufrir (Tem
consideração e não me deixes sofrer)
Y
aunque me haga la invencible (E
ainda que me faça de invencível)
Lo
fatal, lo imprescindible (O
fatal, o imprescindível)
Es
que vuelvas a mi, vuelvas a mi, vuelve... (É
que voltes para mim, volta para mim, volta...)
El
dolor es sofocante (A dor é
sufocante)
Y
ahora todo lo importante (E
agora todo o importante)
Es
que vuelvas a mi, vuelvas a mi, vuelve... (É
que voltes para mim, volta para mim, volta...)
No
me tortures así” (Não me
tortures assim)
Depois
de lhe enviar a letra da música, deitou-se no sofá e adormeceu...
Só acordou com a chave a rodar na maçaneta e ela levantou-se
disparada para os braços de Shkodran, onde o beijou e disse apenas:
-Amo-te,
mas amo-te mesmo, sem hesitações e quero gritar ao mundo que
enquanto sou viva irei amar-te. - Disse na língua do amado e
voltou a beijá-lo, agarrava-o como senão o visse há vários dias,
como se fosse o que mais sentia saudades do mundo, como se precisasse
dele para viver.
-Alma.
- Sussurrou ele entre beijos. - Nunca mais nos voltamos a chatear
por causa dele sim? - Voltou a beijá-la e ambos sorriram e
convicção que haviam feito uma promessa para a vida.
A
rapariga ouviu um rapaz tossir ao seu lado, mas Shkodran havia
trazido companhia? Saiu dos braços dele, mas não largou a sua mão
e olhou para o lado.
-Pensas
que o teu namorado traduzia aquela música toda sem ajuda? Ele está
a melhorar mas não tanto.
-Quem
precisa de tradutor para o teu amor és mesmo tu, meu caro.
-Prefiro
não falar sobre isso. - José Gayà era o tipo de pessoa que não
exprimia o que sentia, guardava tudo para si, mas todos os que
gostavam dele estavam a apoiá-lo no momento em que ele precisava.
-Mas vocês estão mesmo bem, parabéns, ainda bem, estava farto
de aturar o Shkodran com o seu mau feitio de chateado!
-Não
andei assim tão impossível nos últimos dias! - Advertiu o
alemão.
-Que
ideia... - Desabafou o espanhol. - Mas deixem-se estar à
vontade, eu aproveito e vou almoçar a casa dos meus pais, à vários
dias que não os vejo.
-Tens
a certeza? - Perguntou o casal em coro.
-Absoluta.
- Respondeu decidido, despediu-se do casal e foi-se embora. Shkodran
e Alma foram até à sala e sentaram-se sobre o sofá.
-Eu
preciso de contar-te uma coisa... Que já te devia ter contado mas
não tive coragem antes... Nunca contei a ninguém o que te vou
contar.
-Alma...
-O
Iker chegou a agredir-me... - Disse sem abrir os olhos e com a
cabeça baixa, escondera aquela dor durante tanto tempo, e só uma
pessoa podia fazê-la curar daquele medo e daquele trauma que ele
havia deixado na sua vida.
Como
irá reagir Shkodran?
Será
que os maus tratos foram só físicos? Será que o medo tomará conta
desta relação?