quarta-feira, 19 de abril de 2017

Capítulo 21: “Eu descobri, eu descobrir com quem dormiste!”


(José)
Isabel era uma rapariga como ele nunca conhecera antes e intrigava-o de uma forma surpreendente e cativava-o como nunca ninguém o tinha cativado antes... À exceção da sua prima, Catarina. Para si, ainda era estranho e sentia-se culpado por se interessar por duas primas, embora de formas completamente diferentes. Catarina, tinha uma aparência linda e cativara a sua atenção desde que trocaram olhares pela primeira vez, e tinha também uma personalidade bastante interessante, e ele pensara mesmo que poderia vir a sentir algo mais por ela, que poderia surgir outro tipo de relação além da amizade, mas desde que conhecera Isabel que a sua ideia desaparecera, não tinha perdido o interesse por Catarina, queria conhecê-la e certificar-se que era uma rapariga incrível e uma excelente pessoa, mas Isabel é que o cativara realmente, era ela que puxava o seu lado mais selvagem, o lado com a resposta na ponta da língua, com ela, José conhecia algo que não conhecia e jurara toda a vida não ter, por vezes ficava até pasmado com as respostas que ouvia da sua boca! Isabel provocava-o com a sua língua, a forma de vestir, com o que fazia e até com um olhar! E bem estava na altura de responder à altura da sua provocação... Iria descobrir com quem ela tinha dormido, ou não se chamava José Luís Gayà Peña! Foi buscar uma caneta e um papel e apontou o nome de todos os colegas de equipa.

“Diego Alves, Jaume, Yoel, Barragán, João Cancelo, Mustafi, Orbán, Otamendi, Ruben Vezo, André Gomes, De Paul, Feghouli, Filipe Augusto, Javi Fuego, Parejo, Tropi, Negredo, Paco, Piatti, Rodrigo”

Depois de terminar a lista tentou relembrar-se das palavras de Isabel e acabou por riscar os que tinha a certeza que não seriam de todo opção: Negredo estava confirmado, Diego Alves, Javi Fuego, Orbán, Parejo e Barragán, não eram opção, Piatti e Rúben Vezo eram objeto de possível futuro interesse,  por exclusão de partes pode concluir que Filipe Augusto e Tropi não eram opção, eram demasiado jovens para a experiência que ela tinha referido, olhando para Feghouli, poderia concluir que não era “objeto de estudo” de Isabel, e retirou-o da lista, assim como Otamendi, que afinal também era casado. Jaume e Yoel eram mais velhos que ele, e ela tinha dito que eram de idades mais próximas, por isso sobravam 6 pessoas! Se fosse Paco Alcácer, ele iria saber, afinal era o seu melhor amigo. Mustafi seria pouco possível que o rapaz, que tinha acabado chegar à cidade e pouco ou nada sabia falar da língua, estivesse na lista de conquistas. Sobravam assim 4 pessoas, e ele precisava de riscar duas!! Olhou para os nomes: João Cancelo, André Gomes, Rodrigo De Paul e Rodrigo Moreno. E decidiu pesquisar por cada um deles e descobriu que João namorara durante algum tempo e o rapaz sofria do problema de Mustafi, o problema da língua, o que o excluía, que Rodrigo namoravam há já algum tempo, e era pouco provável que ela se tivesse metido novamente entre relações sérias, ela estava traumatizada com o que tinha feito, embora sem querer, a Negredo, mesmo não o admitisse, portanto só poderia ser o André Gomes e o De Paul! Nem pensou duas vezes, agarrou no papel e foi direito ao sofá onde ela dormia e acordou-a aos berros:

-Isabel, Isabel, acorda! - A rapariga ignorou-o e nem se mexeu. - Eu descobri, eu descobrir com quem dormiste! - Isabel virou a cabeça para o outro lado e ignorou-o.- Além do Negredo, foi o De Paul e o André Gomes!

A rapariga sentou-se rapidamente no sofá e olhou-o muito surpreendida.

-Tu acordaste-me para dizer o nome de dois cromos de colegas teus?

-Acertei ou não? - Perguntou ansioso.

-Vai tomar um banho de água fria que isso passa-te, José Luís!

-Diz-me se acertei ou não!

Isabel coçou o olho e olhou para o relógio que estava sobre a televisão para ver as horas.

-É uma da manhã e tu vens acordar-me para dizer dois nomes! - Reclamou com a “boa disposição” de quem tinha acabado de acordar. - Mas tu estás assim tão desejoso de me levar para a cama? Vai dormir, que eu vou fazer o mesmo! - Puxou novamente a almofada e deitou-se sobre ela.

-Ao menos vai-te deitar na minha cama!

-E partilhar a mesma cama que tu depois de descobrires com quem dormi? Querias!

-Eu durmo no sofá, mas vai-te deitar que isto não te faz bem!

-E faz bem a ti, queres ver? - Respondeu sem olhar para ele. - Vai-te deitar e desaparece-me da vista, quero dormir!

-És sempre assim tão rude com o sono?

-Isto sou eu a ser simpática! - José sorriu.

-Se tu dormes aqui, eu também durmo! - Puxou uma almofada e deitou-se na ponta oposta do sofá onde Isabel estava.

-O que estás a fazer, José Gayà?

-A comer-te não é! - Respondeu torto e endireitou-se até ficar numa posição que lhe parecia mais confortável. - Agora esqueci-me de mantas, que bom!

-Se estavam no sofá quando adormeci, o mais certo é estarem no chão!
José esticou o braço e chegou até ao chão onde apanhou as mantas, pousou uma sobre o seu corpo e atirou outra para Isabel

-Tapa-te Isabel Lopéz!

-És um bocado chato e betinho, sabias José Gayà? Quero dormir!

-Mulher na mesa, louca na cama, nunca ouviste dizer?

-José? - De repente, o tom dela mudou e ele percebeu que algo mudara.

-Sim, Isabel?

-Vamos para a tua cama?

-Tu queres dormir comigo?

-De qualquer uma das formas vamos dormir juntos.

José levantou-se e depois foi a vez de Isabel, caminharam até à cama dele e deitaram-se debaixo das mantas, e enquanto ela estava virada para o lado onde ele estava, ele queria dar-lhe “espaço” e acabou por virar-se para o lado oposto.

-José? - O rapaz virou-se e ficaram frente a frente, Isabel pousou a cara e a mão sobre o peito dele. - Obrigada por tudo.

O silêncio acabou por governá-los durante uns minutos e José quase adormecia quando acordou novamente com Isabel.

-José?

-Sim?

-Estavas certo. - José não pressionou de ouvir mais uma única palavra e baixou a cabeça e deu um beijo na cabeça de Isabel, que aproximou a sua face da dele e ficaram a milímetros e embora estivesse escuro, sentiam que conseguiam ver-se.

-Beija-me.

-Tens a certeza?

-Queres que o faça? - José esperou um sinal de Isabel, que acabou por acontecer quando ela colocou o seu dedo indicador sobre os lábios dele e ele beijou-a tal como acontecera horas antes, mas desta vez um beijo completamente diferente, era luxúria, era carinho, aquele beijo representava tudo menos desejo.

(No dia seguinte)
-Acorda dorminhoco! - Isabel aproximou-se de José e atirou-lhe com uma almofada à cabeça. - Levanta-te que ainda tens de me fazer o pequeno-almoço!

-É preciso lata! - Respondeu ele sentando-se na cama e abrindo os olhos num instante. - Tu acordas mais cedo e eu é que ainda tenho de ir fazer o pequeno-almoço!

-Quem é a convidada aqui? - Sentou-se com calma e elegância ao lado dele. - Que eu me lembre é a tua casa!

-Mas já te serviste de café para estares tão bem-disposta!

-Precisamos de falar. - José sentou-se direito na cama, bem junto a Isabel.

-Conversas sérias a esta hora da manhã? Não achas que é demasiado cedo? Devíamos comer primeiro para os meus neurónios funcionarem de uma forma um pouco melhor.

-Tu tens neurónios a funcionar nalguma hora do dia?

-Sou uma pessoa deveras inteligente, sabias?

-Deveras, é uma palavra muito cara para esta hora do dia, ou não?

-Tens sempre resposta, és impossível!

-Adoras-me, José! - Respondeu sorrindo. - Aliás nós não vamos ter uma conversa, eu vou falar e tu vais-me ouvir silenciosamente e com atenção.

-Não achas que ainda é cedo para te declarares? Ainda nem tivemos nenhum encontro.

-Eu não tenho encontros com ninguém. - Respondeu ela. - Agora cala-te e ouve-me menino beto! - José deixou-a falar, mas com a certeza que no final lhe iria responder de uma forma implacável. - É verdade que acertaste com quem dormi, mas achavas que seria assim tão simples?! - Sorriu provocando-o. - Eu nunca disse que jogava limpo, nunca disse que era de fiar, eu apenas disse que se acertasses me levavas para a cama, ou melhor falando, que dormíamos juntos, mas não disse quando, apenas que vai acontecer, meu querido. - Passou a mão pela bochecha dele. - E depois dá-me gosto provocar-te para ver até onde me queres, embora eu te queira também! - Fez uma curta pausa apenas porque ia mudar de assunto. -Depois quero dizer-te que o que se passou ontem à noite, é para esquecer. Na verdade, não sei o que me deu... Talvez fosse a ressaca, não sei. Mas vou fazer tudo para não se voltar a acontecer, está bem? - José engoliu em seco. - Eu não consigo apaixonar-me e não quero que te apaixones e te magoes, não quero ser culpada de mais nada, não quero sentir-me culpada de magoar mais alguém, apenas porque sou demasiado fria.

-Sabes o que eu acho? Que te fazes de forte e imbatível, mas no fundo sofres e nunca deixarás de sofrer enquanto não falares com ninguém sobre o que sentes e o que se passa dentro da tua cabecinha e do teu coração! - José disse-o de uma forma direta e franca.

-Eu faço isto não é por mim, é por quem me venha a amar, por quem venha a sentir algo por mim! - Disse com cara de poucos amigos. - Tu não imaginas o que é saber que por tua culpa, uma pessoa que amas não pode realizar o seu sonho, não te passa pela cabeça o que é essa dor!

-Isabel. - José abraçou-a e a rapariga manteve-se forte, embora no fundo soubesse que a sua vontade era chorar até a dor passar.

-Eu não posso ter filhos. - Disse a chorar.

-Isabel. - Abraçou-a. - Tu ainda és muito jovem, tenho a certeza que existe alternativas, que existe uma solução.

-Não estás a perceber José, eu simplesmente não posso... Não existe cura, tratamento ou solução possível. Deste útero nunca sairá um bebé.

-Oh Isabel, não imaginas o quanto lamento e gostava de ter uma alternativa para ti. -  Dito isto abraçou-a e a rapariga afastou-se ele.

-É por isto que eu não gosto de contar a ninguém, odeio que sintam qualquer tipo de pena de mim, quando eu tenho culpa por nunca ter querido ter filhos!

-Tu nem ninguém tem culpa. - Hesitou. - Deste teu problema!

-Podes chamar pelo nome, eu sou infértil!

-Tu não tens culpa nenhuma disso, e não és culpada por nunca ter querido ter filhos, nem todas as mulheres são iguais!

-Não tentes ser queridinho para mim, José! Simplesmente não existe uma resposta e uma forma de não lidar com isto sem ser como o que faço!

-Mas Isabel...

-Mas nada, José! Acabou a conversa. Até logo! - Dito isto pegou na sua mala, no que restava da sua roupa e saiu, deixando para trás as pranchas esquecidas.
Apanhou o autocarro e foi para casa, onde se deitou sobre a cama e chorou durante horas a fio como nunca tinha chorado por causa daquele ou de qualquer outro assunto. Acabou por adormecer cansada. Quando despertou, agarrou na sua pequena guitarra e cantou uma canção que talvez a fizesse animar:

Yeah, you can be the greatest (Sim, podes ser o maior)
You can be the best (Tu podes ser o melhor)
You can be the king kong banging on your chest (Podes ter o King Kong a bater no teu peito)

You can beat the world (Podes vencer o mundo)
You can beat the war (Podes vencer a guerra)
You can talk to God, go banging on his door (Podes falar com Deus, ir bater à sua porta)

You can throw your hands up (Tu podes levantar a mão)
You can beat the clock (Podes vencer o relógio)
You can move a mountain (Podes mover uma montanha)
You can break rocks (Podes partir rochas)
You can be a master (Podes ser um mestre)
Don't wait for luck (Não esperes pela sorte)
Dedicate yourself and you gon' find yourself (Dedica-te e vais encontrar-te)

Standing in the hall of fame (No hall da fama)
And the world's gonna know your name (E o nome vai saber o teu nome)
'Cause you burn with the brightest flame (Porque a tua chama será a mais brilhante)
And the world's gonna know your name (E o nome vai saber o teu nome)
And you'll be on the walls of the hall of fame (E o teu nome estará nas paredes do hall da fama)

You can go the distance
(Podes ir para a longe)
You can run the mile (Podes correr uma milha)
You can walk straight through hell with a smile (Podes atravessar o inferno com um sorriso)

You can be the hero (Podes ser um herói)
You can get the gold (Podes conseguir o ouro)
Breaking all the records (Quebrar todos os recordes)
They thought never could be broke (Que disseram nunca poderiam quebrar)

Do it for your people (Fá-lo pelas tuas pessoas)
Do it for your pride (Fá-lo pelo teu orgulho)
Never gonna know if you never even try (Nunca saberás se nunca tentares)

Do it for your country (Fá-lo pelo teu país)
Do it for you name (Fá-lo pelo teu nome)
'Cause there's gonna be a day when you're (Porque haverá um dia em que estarás)

Standing in the hall of fame (No hall da fama)

(...)

Be a champion (Sê um campeão)
Be a champion
Be a champion
Be a champion

On the walls of the hall of fame
(Nas paredes do hall da fama)

Be students (Sê um estudante)
Be teachers (Sê professor)
Be politicians (Sê político)
Be preachers (Sê pregador)

Be believers (Sê crente)
Be leaders (Sê líder)
Be astronauts (Sê astronauta)
Be champions (Sê campeão)
Be truth seekers (Sê aqueles que procuram a verdade)

(…) ”

Isabel detestava demonstrar o lado fraco, o lado que escondia de todos, não gostava de dizer que não podia ter filhos biológicos, porque detestava que sentissem pena dela, Isabel queria ser vista como alguém forte e imbatível, mas com José parecia que já algumas barreiras tinham sido quebradas... Limpou as lágrimas e foi tomar um banho, até ouvir a campainha tocar, enrolou-se na toalha e foi até à porta, onde abriu.

-Que fazes aqui? - Perguntou rudemente.

-Vim entregar as tuas pranchas, acho que te fariam falta. - Pegou nas pranchas e pousou ao lado da porta.

-Então pronto, já te podes ir embora.

-Não queres falar?

-Estamos a falar.

-Vou entrar. - Entrou para o interior da casa e seguiu até à sala.

-Mas chegas aqui e é tudo teu, jovem rapaz?

-Sou mais velho que tu Isabel, exijo respeito!

-E eu exijo que te ponhas a andar daqui para fora!

-Eu também exijo e quero muita coisa, e não tenho por isso vais sentar e ouvir-me!

-Para quem tem ar de santo, és muito mandão!

-Só quero que me oiças. - Sentou-se no sofá e ela sentou-se ao lado dele.

-Estou a ouvir-te.

-Vais ouvir-me assim... Vestida?

-Quando me vires despida, garanto-te que não vais falar, mas vais gritar!

-Para alguém que dizia que eu não era o estilo de rapaz, e que era demasiado beto e só era bom para raparigas sem experiência, estás muito entusiasmada por ter algo comigo.

-Deves-me isso.

-Desculpa? - Riu-se. - Nós apostamos que se eu adivinhasse com que colegas de equipa te tinhas envolvido, que me davas uma boa noite, ou pelo contrário, uma má noite, e que eu saiba consegui descobrir quem eram.

-E então? Eu já te disse que é quando eu quiser.

-E se eu quiser agora?

-Depende da minha vontade.

-E qual é a tua vontade?

-É comer-te. - José olhou para ela chocado, estava à espera que ela desse desculpas e inventasse, mas ela havia sido direta e quem saberia franca, ele levantou-se e ela também.

- Ok, vamos com calma sim?
Isabel agarrou-o e beijou-o, ignorando por completo o pedido dele.

Será que os dois vão mesmo chegar a vias de facto?
Ou será que José vai acabar por desistir da ideia? Ou Isabel?

E será que vão ambos gostar? Como será a relação destes dois daqui para a frente?

1 comentário:

  1. Olá :)
    Mais um capitulo lido :9
    Eu bem digo que estes dois são cão e gato, mas adoram-se ahahah
    Espero mesmo que eles se "entendam" e que nenhum deles desista ;)
    Espero que gostem e que a relação fique mais forte daqui para a frente :D
    Quero o próximo sff
    Beijinhos

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